1.26.2015

Afinal havia outra (#03) - Para as Marias, com humor

Quando, às 14 semanas de gravidez, o médico anunciou que vinha aí uma menina, o pai ficou desapontado. Para ele, só podia ser menino – o menino que ia levar todos os domingos desta vida ao estádio da Luz. Mas não, era menina. E então substituiu o trauma por uma teoria interessantíssima acerca de um ser com apenas 14 semanas de gestação: “E se ela fizesse stand-up? E se ela fosse mesmo boa a fazer stand-up? Era do caraças!” – sendo que o pai delas nunca diz caraças, diz a outra palavra…
Nessa altura, eu estava preocupada com outras coisas. Era a primeira filha e o meu espírito estava constantemente a ser assaltado por dúvidas avulso: Será que estou a comer o que é suposto para ela crescer bem? Será que vai ser saudável? Vai nascer de parto natural ou cesariana? Pensava também, e desculpem-me a futilidade, se iria ser bonita. Não sei porquê, mas tinha medo que a miúda viesse feia. E se calhar veio, mas para mim - que sou mãe dela - é gira que se farta!
Mas para o pai o importante era ter sentido de humor. E - vá-se lá saber se ele fez alguma promessa à Nossa Senhora das Piadas ou o raio – a miúda tem mesmo sentido de humor. É uma característica dela, muito vincada e que ela vai aperfeiçoando da mesma forma que aperfeiçoa a forma de desenhar ou de falar – agora anda feliz porque já diz “prato” em vez de “pato”. Na verdade diz “perato”, mas ninguém tem coragem de corrigir.
E a mais nova não é diferente. É muito trapalhona a falar mas é muito expressiva, muito física e gozona – portanto, esta coisa do humor só pode estar em grande no código genético delas.
A relação do pai com elas também inclui as rotinas dos banhos, das refeições, do deitar e do “ralhar”, quando é preciso – não há cá polícia bom e polícia mau! Mas é, sobretudo, uma relação de brincadeira e de conversas parvas. Tenho não um, mas três palhacinhos em casa – e não duas, mas três crianças. Às vezes isto é uma canseira desgraçada, mas a maior parte do tempo é muito fixe e divertido.
Um dia ele lembrou-se de gravar uma dessas brincadeiras e assim nasceu o primeiro vídeo das Marias, este:

Seguiram-se outros e em todos vemos o pai a provocá-las, a Maria Rita a reagir e a Maria Inês a borrifar-se para tudo – tal como na “vida real”.
 



O pai diz na brincadeira que os vídeos vão servir para as envergonhar perante os namorados. E diz a sério que os faz para que elas possam lembrar-se dele, da infância e das brincadeiras deles. E isto derrete-me o coração.
São criticados por uns e elogiados com carinho por outros. Aliás, foi assim que percebemos que têm mais de bom do que de mau. Há pais que repetem estas brincadeiras com os filhos em casa e depois contam-nos como correu. Outros dizem que elas mais tarde vão vingar-se – como a médica que, na sexta-feira, viu a Maria Inês na urgência e esperou pelo fim da consulta para dizer “Então, Maria, as tuas melhoras e vê lá se começas a engendrar um plano com a mana para tramar o papá!”
Para mim, são pequenos quadradinhos de BD que ilustram a vida cá por casa – lugar onde tentamos, todos os dias, não levar a vida demasiado a sério.
 Catarina Raminhos, mãe da Maria Rita e da Maria Inês


15 comentários:

  1. Aqui foi mais"um menino???mas o que vou fazer com um menino se só sei cuidar de meninas??"foi uma reacção muito engraçada pela parte do pai!a parte mais gira é vê-lo com a de dois anos a pintar-lhe as unhas e a brincar as cozinhas! =) Brincadeiras que mais parecem trava-linguas só para se desatarem todos a rir...

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  2. Cá por casa gostamos do humor e da inteligência de todos por aí!
    Continuem assim genuínos que é assim que gostamos de vocês, mesmo que seja uma relação de faz-de-conta entre vós e nós! Beijinhos para os 4!

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  3. O pai Raminhos que não desespere. Também há meninas a gostar de futebol! Habitualmente sou eu que desafio o meu pai a ir à Luz. É algo só nosso, já que a minha mãe e o meu marido são verdes.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Já seguia os vídeos do pai Raminhos e das Marias com admiração e alegria, agora faço questão de seguir os textos da mãe Catarina!! Continuem, por favor, a partilhar connosco estes vossos momentos de uma família genuinamente feliz!! Fazem-nos também um pouco mais felizes!!

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  6. João Miguel4:10 da tarde

    Oláááá :) Desde já quero felicitar a mãe (e o pai) por ter dado ao mundo duas riquezas da natureza. É possível ver nos vídeos "das Marias" o quão preservam valores como boa disposição, saber brincar, saber gozar com nós próprios. De facto rio-me muito com os vídeos, por vezes até verto uma lágrima de emoção, confesso. Tenho 26 anos, e vejo-me no A. Raminhos exactamente como pai. São das melhores coisas que aconteceu em Portugal, para mim tem mais valor a vossa relação do que um Cristiano Ronaldo. Quem critica seguramente não sabe o que é poder dar qualidade-de-vida aos filhos. Essas meninas vão agradecer e muito, a infância é determinante como moldamos a nossa personalidade para sempre. Os melhores cumprimentos para os 4 :D

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  7. Quem me dera a mim ter tido brincadeiras destas com o meu pai! Adoro os vídeos, e espero que um dia, se tiver um filho, ele/ela tenha a sorte de ter um pai assim!
    Ps: Adoro os textos!

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  8. Ainda não tenho filhos (felizmente), digo sempre que me vou contentando com os filhos das amigas até chegar à minha idade de ser mãe. Repito várias vezes as brincadeiras que o teu marido tem com as Marias e farto-me de rir. Mesmo quando eu acho que é sempre mais divertido para mim do que para as crianças. O que importa realmente é sermos felizes, não levamos mais nada nesta vida.

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  9. Gostei tanto deste post ;)

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  10. Adoro os vídeos! Têm umas filhotas lindas!! :)

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  11. Alguém tinha de equilibrar a balança! Já se descobriu quem é! Não conheço, pessoalmente, nenhum de vocês mas, ao acompanhar os vídeos e a página do Raminhos no FB, parece que fazemos todos parte do mesmo grupo de "amigos"! Saúde e sorte para todos! O resto sempre se consegue! Continuem!

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  12. Obrigada a todos pelas palavras doces e quentinhas :) <3

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