1.16.2015

Vácinas: sim ou não?

Sei bem que não é uma palavra esdrúxula, mas gosto de dizê-la com sotaque nortenho: vácinas.

A Isabel levou a Rotateq e a Prevenar, além de todas as incluídas, claro, no Plano Nacional de Saúde. Claro, não. Atenção que não é assim tão óbvio, porque há pais que não concordam com a vacinação e assinam um termo de responsabilidade. Não é muito comum em Portugal (cerca de 95% vacinam), mas existem. Os possíveis efeitos secundários e o medo que, a longo prazo, as vacinas possam trazer complicações graves ou doenças como o cancro, inibem alguns pais na hora de vacinar os filhos.

Mas também é claro que cá estamos todos, em parte, devido à vacinação. Uma criança não vacinada pode representar um risco e há riscos que não queremos correr. Nem quero imaginar a dor e o sentimento de culpa de um pai em confrontação com uma doença num filho que poderia ter sido evitada com a vacinação.


Sou pró-vacinação, mas recentemente deparei-me com a Bexsero (contra o Meningococo B) e fiquei cheia de dúvidas. Vacinar é um processo seguro, ajuda a irradicar as doenças e nem tudo se pode resumir à pressão da indústria farmacêutica, mas mais uma vacina? 100 euros cada dose? Bolas! E a célebre questão: se é assim tão importante, por que não está no Plano? Falta de pilim, já ouvi falar, sim.
Mas a sério que vou encher o corpo da minha filha com mais bicharocos, provocar-lhe febre e mal-estar?

Cheia de dúvidas, leio isto:

"As meningites por meningococo são responsáveis pela forma mais agressiva desta doença [a meningite]. Ele circula entre nós no trato respiratório dos seres humanos, podendo passar de um portador assintomático para uma criança, deixando-a doente. A forma mais eficaz de controlo da infecção meningocócica é a vacinação. Na Europa, predominam o meningococo B e o C. Para este último, nós já tínhamos a famosa Meningitec, incluída no PNV desde 2006. Muito à custa desta vacina, a chamada doença meningocócica tem diminuído de frequência (0,8 por 100 mil habitantes em 2011). Ainda assim, leva à morte em 5% a 14% dos casos, sendo que 11 a 19% dos doentes sobrevivem com alguma sequela a longo prazo - sequelas neurológicas, perda de audição, alterações cognitivas, cicatrizes cutâneas e amputações. Também à custa da vacina contra a estirpe C. a percentagem de meningococos do tipo B cresceu nos últimos anos, sendo actualmente 72% dos N. meningitidis isolados. É neste contexto que agora surge a Bexsero, para prevenir estes meningococos do tipo B.

A vacina foi testada em laboratório e ensaios clínicos e demonstrou ser imunogénica e segura."
(no Blogue de um pai e cirurgião pediátrico "E os filhos dos outros")


Vocês, o que vão fazer? Vão dar ou não a Bexsero? O que recomendam os pediatras dos vossos filhos?

19 comentários:

  1. A pediatra apenas me disse que vai dar aos filhos dela... e um dos motivos é ter trabalhado muito tempo no internamento de pediatria e ter assistido a tantos casos graves (vários deles mortais) de meningite causada pelo meningococo b.
    Eu vou dar (a minha filha tem 10 meses), mas confesso que tenho algum receio dos efeitos secundários.

    Patrícia

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  2. Ja dei à mais velhinha as duas doses que lhe cabiam e a mais pequenina vai fazer a primeira este mês. Até aos 7 meses dela vao ser cerca de 100 euros por mes em vacinas. .. Acho que podendo nao ha porque ficar na duvida... é uma dúvida muito pesada!
    Beijinho e parabéns pelo blog

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  3. O meu filho vai fazer 6 anos, e lembro-me bem na altura da Gripe A, que aconselhavam as mães a vacinarem os filhos.Havia na altura muitas opiniões divergentes. Embora nada segura, não dei a vacina ao meu filho. Felizmente correu tudo bem, mas se algo acontecesse ficaria com um sentimento de culpa daqueles!!

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  4. Dei ao Lucas por recomendação da pediatra e porque posso (é mesmo muito cara para a maioria das pessoas!!!). Sou a favor da vacinação sim! E acho uma irresponsabilidade não se dar as vacinas do PNV. Não nos podemos esquecer que vivemos em sociedade e que, se não vacinamos os nossos filhos eles podem ser portadores de doenças que estão quase erradicadas e passa-las a outros meninos que não estão vacinados. Lá se vai a erradicação... Pelo menos eu acho que é esta a lógica. Devemos vacinar, sim! É nosso dever enquanto cidadãos.

    Já agora, sabiam que a palavra vacina vem de vaca? Já não me recordo ao certo qual era a doença (e vi isto ontem de manhã no Discovery Civilization... Jesus, onde anda a minha memória!?!?!), mas a primeira vacina foi criada através de uma estirpe que existia nas vacas e que dava imunidade à estirpe dos humanos! Acho que era a Rubéola... Será? Uma doença que praticamente não existe entre nós! :)

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  5. E quando é mais do que um? Os preços das doses pesam ainda mais. Tenho lá a receita para os dois, terão de ser em meses desencontrados, mas podendo levarão, o certo é que tenho a receita desde inicio de Dezembro e ainda não levaram. Mas vão levar. Deixo-te aqui a resposta da nossa Pediatra ao meu e-mail qd lhe coloquei essa questão há uns 3 meses atrás:

    "Relativamente á nova vacina dirigida a prevenir as doenças invasivas pelo meningococo do grupo B, o objectivo é semelhante ao da vacina para o Meningococo do grupo C que foi introduzida há alguns anos no Plano Nacional de Vacinação e que agora, que já conseguimos imunidade de grupo, já só se faz 1 x aos 12meses.

    Esta é segura e pensamos que eficaz embora ainda não hajam dados sobre o tempo em que protege por ser muito recente.
    A sociedade portuguesa de pediatria não se compromete ainda muito na recomendação mas há países que já estão recomenda-la para todas as crianças (Reuno Unido, p ex).

    Em resumo:
    É segura e esta recomendada para todos até aos 50 anos (!!) porque o objectivo é erradicar completamente a bacteria.
    No caso do Rafael e da Sara fariam 2 tomas com 2 meses de intervalo.
    Sei que o preço é elevado mas protege contra uma doença mt grave..."

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  6. Nós moramos em Amesterdão, numa sociedade multi-cultural e bastante tolerante... Mas há uma coisa que me faz confusão... A quantidade de pessoas que não vacinas as crianças... porque patati, patatá... Não me levem a mal, e não querendo ofender ninguém, mas acho que devia de ser OBRIGATÓRIO por lei, e um pai (pais) que nõa vacinasse os filhos devia de ser julgado por homicídio involuntário... Será extremismo da minha parte? Temos que ser tolerantes e todos nos temos que respeitar, é um facto... Eu posso não compreender mas respeitar as opiniões diferentes das minhas... Agora o que eu não tolero de todo, é que a vida do meu filho, fique em risco, porque um totó decidiu não vacinar o filho. Ainda aqui à uns tempos, tivemos na Holanda um surto de sarampo e andou tudo doido, por causa disso. Quer dizer já não vivemos na idade média, a informação existe e está disponível a todos...

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  7. O meu pikeno já levou a primeira dose da Bexsero em Dezembro e no próximo mês levará a segunda. Sim, foi recomendada pelo pediatra e até pela enfermeira do centro de saúde. Não hesitei, nem nunca ponderei sequer o facto de não vacinar o meu filho. É, de facto, muito cara tal como a Prevenar, mas podendo acho mesmo que devemos fazê-lo.

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  8. Olá Joana,muitos parabéns pelo blog que sigo desde o início e adoro, acho que retratam muito bem e com sentido de humor tudo o que acontece a quem anda nestas andanças da maternidade.
    Em relação à vacinação sou a favor, mm das extra PNV, quando exista essa possibilidade pois são caras e não comparticipadas. A minha Maria tem 7 meses e fez esta semana a última dose( por agr pois acho q vai haver reforço aos 12/13 meses) da Bexsero, recomendada pela pediatra, e desde os 2 meses tem levado vacinas todos os meses, pois fez também a Prevenar e a RotaTeq além das do plano. Felizmente não fez reação a nenhuma das vacinas,fica apenas mais dorminhoca e um bocadinho chorosa. Não é fácil vê-la a chorar de dor mas o que nos consola é pensar que estamos a fazer o melhor para os nossos filhos.
    Desejo tudo de bom para as duas Joanas e muito sucesso para o blog, beijinhos para as duas princesinhas Isabel e Irene ;)

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  9. Olá Joana, a minha piolha tá com 6 meses e já levou as duas primeiras doses da Bexsero, o pediatra aconselhou e depois de ponderarmos decidimos avançar. Dói à carteira ( com a prevenar e a rotateq são 200€) mas ficas com a consciência um pouco mais tranquila. Como diz o outro: 'k sa fôda', vais de ferias para o ano :P
    Beijinhos

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  10. Nós ainda estamos em stand by, até porque a nossa princesa, que tem 2 anos e 7 meses) já passou o período de maior incidência - o 1o ano. O médico recomenda mas como ainda só foram testes de referência em Espanha (com uma taxa de sucesso que ronda os 65%) e nos EUA disse para aguardamos algum tempo. Porque caso se verifique a sua eficiência o mais provável é que venha a fazer parte do Plano Nacional. A nossa red line será maio/junho, altura em que nasce o mano. Mas já está decidido que ambos vão levar a vacina.

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  11. A minha pequena (15 meses) também já tomou a primeira dose. Ficou com febre e com o braço em "mau-estado" mas penso que vale a pena, pela saúde dela, tudo vale a pena!

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  12. E quem não tem dinheiro para comprar? A criança é isolada? Os pais vivem com o medo constante?

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    1. Gostaria de responder só a este Anónimo, e espero que não me leve a mal. Segundo sei, em Portugal, as vacinas que estão incluídas no PNS não são pagas. Aliás, segundo sei, as crianças podem tomar essas mesmas vacinas no Centro de Saúde e fazerem aí as consultas de rotina, sem qualquer custo para os pais. Daí ou não perceber quando diz que a criança deve viver isolada e os pais em medo constante...
      Na verdade, e espero que não me leve a mal mais uma vez (nem as restantes das leitoras do blog), acho que em Portugal se vive na constante "necessidade" de ir ao pediatra... Consultas de 3 em 3 meses, consultas de gripes e constipações, consultas sobre se eles podem passar para o quarto deles, se podem comer o legume X ou Y, se podem usar o champõ X ou Y... Sinceramente parece-me excessivo, excessivo de mais! Os pais deixaram de ter voz para se renderem à vontade/teoria do pediatra pelo qual são seguidos.
      Confesso que tenho saudades do nosso Sistema Nacional de Saúde. Sim, pode estar perneta e muito maltratado, pelo Estado e por NÓS, que por qquer coisinha vamos a correr encher as salas de espera e na maioria das vezes sair de lá com uma palmadinha na costas, ou com uma constipação pior! O meu pequeno nasceu em Portugal, onde fomos sempre seguidos em exclusivo no Público, e até aos 3 meses também (sendo que na altura saímos de PT) e ficamos muito satisfeitos. Sempre que tínhamos alguma dúvida sobre amamentação ou qquer coisa do género, ligávamos ou íamos directamente e pedíamos para falar com uma enfermeira, e sempre nos atenderam com o maior profissionalismo e o maior dos carinhos. Ainda fomos de férias no Verão passado, e liguei para tirar algumas dúvidas sobre a introdução dos sólidos (moramos na Holanda e a alimentação é bem diferente), não tinham um enfermeira disponível, mas ficaram em ligar mais tarde e assim o fizeram.
      As crianças não precisam de ficar isoladas e os pais também não ;)

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  13. Tenho três filhos entre os 6 e os 10 anos, já estão todos vacinados! O pediatra recomendou e eu sou completamente a favor da vacinação, sendo que sao a melhor forma de prevenção!

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  14. https://www.youtube.com/watch?v=xPl-nncqlK4

    Vejam a partir do min. 19.. É curioso pensar realmente no que é dito.

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  15. Podem até me chamar de ignorante ou como quiser... A minha mãe sempre foi muito rigorosa no quesito vacinação e tomei todas quando criança... E ainda assim tive sarampo, coqueluche, rubéola, cachumba e catapora e sofri muito mais quando tive sarampo pq estava já no início da doença e mesmo assim fui obrigada a tomar a vacina na escola...meu bebê e minhas filhas gêmeas toda vez que toma vacina tem febre altíssima que passa dos 40 graus dias e dias seguidos chegando a ter convulsões... E isso me revolta muito, odeio vacinas e acho que não devia ser obrigado nesses casos

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  16. O mais giro sao aquelas pessoas pro-vacinaçao nao terem ideia que o seu filho vacinado, durante 90 dias, pode espalhar a doença para a qual foi vacinado! Metendo em risco ele proprio e todas as crianças à sua volta! E mais, se as vacinas sao assim tao seguras, porque têm medo das crianças nao vacinadas? Pesquisem, pesquisem e pesquisem! O que erradicou as doenças foi sim a nutriçao, higiene e sanitizaçao! Nao foram as vacinas!

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    1. Na realidade, o mais giro é haver quem não tem noção da sua própria ignorância e ainda tenha a audácia de mandar "pesquisar, pesquisar, pesquisar"...(seria "giro", se não fosse trágico...)

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    2. Dissolvendo ilusões10:28 da manhã

      "se as vacinas sao assim tao seguras, porque têm medo das crianças nao vacinadas?" - Dá que pensar, aos que querem pensar.
      Quem quer pensar acabam por ser as pessoas socialmente mais sensíveis, e que são necessariamente boas à sociedade.
      Pais pro-vacinacao não querem pensar. Vacinam por uma questão de comodidade social (facto). Creio que o irónico, tal como as vacinas que produzem a doença que eram suposto prevenir, é que acabam por ir correr ás urgencias mais vezes.
      Todos procuramos o melhor para os nossos filhos, mas, uma decisão responsável deve ser uma decisão informada e deve pesar e conhecer ambos os lados.
      E há verdade em ambos os lados, até há mais verdade do que aquela que conhecemos.
      O marketing é pro-vacinação, facto. É natural que as pessoas acreditem no que estão sempre a ouvir.
      Facto, há movimentos anti-vacinacao desde 1800 em todas as culturas e todos os continentes, isso quer dizer alguma coisa.
      As vacinas nunca serão obrigatórias e não têm que ser. A liberdade de escolha dos Pais é um veículo de responsabilização dos pais ( e não do Estado )
      Outro facto, é que quem só defende a vacinação, não quer conhecer a história toda.
      Na verdade, Pais que não vacinam as suas mas que garantem a higienização, também têm medo das crianças vacinadas!
      E, afinal, se os Pais foram vacinados e continuam cá e se a Mãe já passa os seus anti-corpos pela placenta, e pelo leite materno a vacinação aos filhos é questionável.
      Consciencia da higienização e do isolamento foram sim os dois grande factores que contribuiram para a erradicação das doenças

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