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6.05.2016

Olá, sou a Luísa!

Olá! Eu sou a Luísa, sou muito calminha, mamo muito e durmo muito também (por enquanto, os meus pais que não se ponham já a dar graças aos céus). 


Nasci no dia 31 de maio às 20 horas em ponto, de parto natural, com 3,450kg e 50 centímetros. A minha mãe é que me puxou cá para fora e pôs-me logo em cima do corpo dela e ali ficámos, que tempos, as duas juntinhas. Mamei logo, ficámos pele com pele e fiz a mamã chorar de emoção (ela um dia vem cá contar tudo). 

Infelizmente depois as coisas com a minha mãe não correram exactamente como previsto e ficámos todos muito aflitos, principalmente o meu papá. E é por isso que a mãe não tem dado novidades, não pensem que ela se esqueceu de vocês e do vosso carinho! O susto já passou, ela está a recuperar e agora estamos todos a aproveitar todos os segundos. Tem sido incrível o amor que tenho recebido da Isabel. Ela é a melhor irmã do mundo! Tenho muita sorte! 


Pronto, agora vou ali fazer mais um cocó molinho e sujar mais um body para eles também não andarem a pensar que eu não dou trabalho nenhum. Até um dia destes, pessoas! 

Sigam-nos no instagram @aMaeequesabe

à @JoanaPaixaoBras também.

E, já agora, a mim @JoanaGama.




4.18.2016

Vou ficar tão sexy!


Não vou? E ainda vou ficar mais do que esta senhora, com aquela barriga mole do pós-parto e com uma hérnia umbilical.

(Vai de meter uma mala fofinha aqui pelo meio para embelezar a imagem)
 

Naquele momento, queremos lá saber disso. Queremos é que o bebé esteja bem, mame em condições, que não tenhamos os mamilos em ferida, que os pontos - em havendo - não infectem e que não tenhamos dores. De resto, cuecas - com rendados ou com três andares - não interessa nada.

São estas as cuecas/fralda que vos recomendo para o pós-parto. 

Antes da Isabel nascer, numa ida à farmácia para comprar coisinhas que me faltavam na lista do hospital, a senhora, daquelas mesmo simpáticas e prestáveis, sugeriu-me isto em vez dos pensos higiénicos XXL. Olhei para a embalagem, por dentro cuspi um "really?", mas pareceu-me perfeita a ideia. Macias, confortáveis e que, para nos livrarmos delas, não temos de nos baixar (rasgam-se de lado). Não há cá pensos higiénicos que fogem para um lado ou para o outro, não há cuecas de rede manhosas, que experimentei e não gostei. Nos primeiros tempos (acho que uma semana) usei disto. Foi assim o único investimento de jeito que fiz (isso e material para as mamas). De resto, soutiens de amamentação emprestados, camisas de dormir da Primark e tudo do mais barato que houvesse no mercado. 

Fica a dica (se houver dicas daí, são bem-vindas!).

2.06.2016

Tocofobia: fobia ao parto.

Desconhecia por completo e muitas mulheres sofrem desta fobia.

É normal ter-se receio do parto, ter medo, ficar assustada. Mas isto é muito mais que isso: é um medo tão intenso que pode levar à depressão. Uma fobia tão grande que chega a levar mulheres, que querem ser mães, a interromper a gravidez. Um medo tão descontrolado que faz com que algumas mulheres tenham muito medo de engravidar, vivam numa ansiedade constante, e que partam para a esterilização.

Há dois tipos de tocofobia: primária e secundária. A primária refere-se às mulheres que nunca tiveram filhos, a secundária às mulheres que ficaram traumatizadas após o parto e que evitam a todo o custo um segundo. Reflecte-se em pesadelos, dificuldade em concentrar-se, ansiedade, ataques de pânico, náuseas, depressão... e pode minar uma vida. Mulheres que têm medo até de ter relações sexuais, com medo de engravidar.

Há tratamentos psicoterapêuticos, claro, mas nem sempre resultam. Li um comentário de uma rapariga que tinha esta fobia, que se agravou com uma gravidez planeada. Tomava antidepressivos, que foram interrompidos aquando da gravidez. Tudo aquilo lhe fez tão mal que ela já só pensava em suicídio e não dormiu durante duas semanas. Decidiram que seria melhor pôr fim à gravidez. A relação de 18 anos acabou em divórcio e hoje em dia o ex-marido é pai e ela continua a sofrer com esta doença.


Estima-se que 1 em cada 6 mulheres sofram desta fobia. Achei uma enormidade, será? Conheciam, conhecem alguém ou sofrem de tocofobia? (podem comentar como anónimo e força para ultrapassar esta valente porcaria! O nosso cérebro é tramado)

1.16.2016

Vamos falar de partos?

Vamos. Falo eu, vá. Alguém ainda desse lado? Acredito que sim, pelo menos as pessoas que, como eu, se entusiasmam com o tema. Ou as que gostam mesmo é de filmes de terror. 

Estava eu grávida da Isabel e tinha especial prazer, no terceiro trimestre, em ir ver partos no Youtube. Sonhava com o meu parto. Estive sempre super calma. Achei que ia descer em mim a qualquer momento o pânico, mas nunca esse momento chegou. Levei a epidural com vontade de rir (porque estava a dar um jogo de futebol na televisão e pensei "porra! Nem no MEU parto o homem dá descanso a esta m*rda!"). Entrei na sala de partos a dizer piadas. Pari a rir. Gargalhei, gargalhei. Depois no dia a seguir desmaiei e desmaiei, mas essa é outra história. O parto foi maravilhoso. Ainda na última consulta com a minha obstetra do coração (já vos disse que tenho um fraquinho por ela, aqui), ela recebeu uma chamada do hospital, de uma grávida que estava a entrar em trabalho de parto e ela a dizer para aguentarem um bocadinho, que ela ia... e tudo aquilo me deu uma adrenalina do caraças. Disse-lhe logo "adorei o meu parto, já tenho saudades!". Sim, talvez esteja senil. Haha 

Agora, dispenso bem as histórias em que tiveram de empurrar o bebé outra vez para dentro ou estava com 40 circulares no pescoço e estiveram 305 horas em trabalho de parto. Há sempre alguém, quando já estamos quase, quase no final da gravidez que faz questão de nos desejar uma hora pequenina, para logo depois acrescentar um "é que eu..." ou um "é que a minha cunhada"... Já sabemos que não vem lá coisa boa. Há até quem comece com um "eu nem vou contar." Mas contam. Contam sempre. Estão desertinhas para ser o Correio da Manhã das Parturientes.

Agora lembrei-me do parto da Joana Gama, pobrezinha (texto não aconselhável a grávidas, aviso já!). Está aqui: O meu partão. Se ficaram mal dispostas, leiam agora o meu: O dia em que desovei a Isabel.



Mais fotos aqui: O segundo em que conheci a Isabel.

10.30.2015

Aula de Preparação para o Parto à la Mãe é que sabe (#02)

AULA NÚMERO DOIS

A primeira foi sobre o corte no pipi ou episiotomia, neste link.

Vamos agora falar de uma rolha que sai disparada no final da gravidez e não é a do champanhe. Vão a tempo de sair do blogue, vou dar-vos tempo. Vá, 3, 2, 1.

Estamos a falar do rolhão mucoso. Não, não vou deixar aqui uma imagem sugestiva, que podem estar a jantar. Ora o rolhão mucoso, gelatinoso ou mais líquido (depende de mulher para mulher), branco ou raiado é um muco que impede a entrada de bactérias.

Quando ele sai, o parto pode estar para breve (horas, um ou dois dias), mas também há casos em que chega a semanas. Há algumas mulheres que não se apercebem sequer da saída do rolhão mucoso porque durante a gravidez há muito corrimento e o aspecto poderá ser parecido.

Ainda aí estão ou são enojadinhas? É a vida, tal como ela é. :)


Comemorei com a saída do meu, mas depois tive de esperar uns dias... Toma para aprenderes a não celebrar antes da festa!

E vocês, como foi? Dispenso saber o aspecto, OKAY?! :)

10.18.2015

Como ficarem ainda piores da cabeça no pós parto.

Simples. 



1 - Aceitar as visitas de toda a gente e ser incapaz de dizer que não às pessoas. 

É agora. É agora que temos de começar. Está tudo louco? Vêm cheios de micróbios besuntar a criança que ainda tem restos do útero da mamã em cima? Pior! A mãe passou por uma experiência que exigiu muito dela tanto fisicamente como psicologicamente e, sim, o que se precisa é mesmo de uma conversinha para saber a "última" lá do trabalho.

2 - Preocupar-se demasiado com tudo e querer ser perfeccionista. 

Não. Toda a gente tem prioridades por um motivo: é impossível ser perfeito. Temos mesmo de escolher o que é mais importante para nós e onde vamos pôr o nosso "dinheiro". Importa mais descansarmos ou termos uma cozinha limpa que se vai sujar outra vez dali a menos de um dia?

3- Ter horas para as mamadas do bebé.

Não há pior. Não se amamenta com horas. O bebé precisa da mãe e a mãe dá mama. Mama é colo. É mimo. Lembro-me de olhar para o relógio, contar três horas e reger-me por aí. Era terrível, não podia fazer a minha vida. Claro que, no início, segundo os pediatras, temos de os acordar de três em três horas até ganharem o "peso normal" e acordá-los até pode ajudar a prevenir a morte-súbita nos primeiros dois meses ou lá o que é. O ideal é não ter horas para a mama. É estar disponível para eles sem fazer considerações lógicas  como "não pode ter já fome!". Pode não ser fome. Pode ser sede. Pode ser mimo. Se há uma maneira de os ajudar, para quê tentar negar?

4 - Ficarmos demasiado agarradas ao "antes" de ter o bebé.

Estarmos sempre a queixarmo-nos (principalmente a nós mesmas) de que a noite foi terrível. De que já não dormimos 3 horas seguidas há mais de 2 meses (sem contar com o final da gravidez). Convém aceitarmos que as coisas funcionam como funcionam porque eles precisam de nós, em vez de estarmos constantemente insatisfeitas com a nova realidade. É assim. E já toda a gente nos tinha avisado.



5 - Querermos ter a casa limpa.

Claro. Muita bem. Queremos ser as super-mulheres, não é? A mãe que tem o recém-nascido, que limpa, que não dorme, que o marido chega a casa e ainda lhe damos uma traulitada. Não. Priorizar, sff. É sinal de inteligência e, mesmo com a casa suja, todos ficam a ganhar com uma mãe melhor da cabeça. 

6 - Não querermos pedir ajuda.

Qual é o mal de admitir que não conseguimos fazer tudo? Por que é que tantas pensamos assim? Que já estamos a falhar no nosso dever de "mulheres" e de mães se pedirmos ajuda? 

7 - Não aceitarmos ajuda.

O mesmo da de cima só que com pessoas próximas. Se não deixamos que a nossa mãe, sogra, irmã... nos ajude... o que pretendemos com isto? Lamentarmo-nos de nos sentirmos sozinhas por escolha? Esquisito, não é?

8 - Não dormirmos quando eles dormem.

Temos imensa vontade de ter tempo para nós, mas não chegamos a aproveitar por estarmos tão casadas. Sempre que eles acordam e escolhemos não dormir, chegamos à mesma conclusão: "devia ter ido dormir logo, que estúpida". Tentemos aprender com os "erros". Descansarmos é importantíssimo para todos. Para nós, bebé, pai... para as maminhas porque é quando descansamos que a hormona da produção de leite trabalha mais... 




9 - Não tomarmos banho frequentemente.

Sentirmo-nos sujas e a cheirar a leite azedo faz-nos pior à cabeça do que se possa imaginar. Tomar banho com um recém-nascido em  é tarefa muito complicada, mas pede-se ajuda ou é-se criativo. 

10 - Tentarmos arranjar explicações para tudo sem tentarmos informarmo-nos.

Acho que ele não dormiu bem porque lhe dói a barriga e metade do ouvido... Convém estarmos atentas, que estamos, claro, mas há coisas que simplesmente são do mais básico que há: ao bebé precisa da mãe. Precisa de mimo. Precisa de colo. Precisa de beijinhos. Nos primeiros três meses é mais importante que tudo o resto. Há quem diga que mais de metade das "cólicas" que os pais e profissionais de saúde dizem que os bebés sentem, não passa da maneira deles de expressarem que se sentem inseguros. Precisam de nós.

11 - Darmos ouvidos a toda a gente que não tem informações credíveis.

A sogra punha o filho a dormir a fazer o pino e punha-lhe um nabo na testa para respirar melhor? Por favor. A mãe é que sabe e, se não sabe, faz por saber, num sítio credível. 

12 - Questionarmo-nos "por que é que o nosso bebé é diferente"? 

O da Sara dorme a noite toda? É o da Sara. O nosso bebé não é filho da Sara e do coiso. O nosso bebé é diferente, sim. Porque tem tudo de diferente dos outros bebés. Ainda bem, senão era um Nenuco e eles têm um buraco para fazer xixi muito esquisito. 


13 - Querer "recuperar" a vida antiga rapidamente.

Não é que tenha acabado, mas sofreu uma mudança. Aceitemos isso. Abracemos a novidade sempre com olhos postos numa altura em que já consigamos ter estabelecido uma sintonia com o bebé, com a família, connosco. Cada dia que passa é menos um para estar tudo equilibrado. 

14 - Afastar o parceiro.

Muitas mulheres não se sentem compreendidas ou ajudadas pelo parceiro. Há muitos que não as compreendem ou que não as ajudam. Temos de aprender a ajudar-nos. Se queremos ajuda, podemos pedir-lhes. Se sentimos que precisamos de chorar, choremos com eles. Não podemos estar à espera que eles adivinhem do que precisamos, especialmente agora. Quem fica a perder são... todos!

Querem ajudar a completar?

10.16.2015

Mas, afinal, o que se sente com uma contracção?

Sempre foi uma coisa que me meteu imensa confusão. Toda a gente falava das contracções falsas (as Braxton-coiso) e das contracções verdadeiras e dos intervalos entre as contracções para ser sinal de parto e para irmos para o hospital, mas havia várias coisas...

1 - Não conseguia perceber, afinal, o que é que iria sentir com uma contracção. Ninguém o explicava de forma que eu percebesse nos livros. Agora já consigo explicar da minha maneira. Sabem aqueles choques que apanhamos no braço todo quando batemos com o cotovelo? Pronto. Imaginem isso na barriga toda e que dure um minuto. Depois percebi o que era isso das contracções.

2 - Não me imaginei com paciência para estar a anotar uma coisa dolorosa num papel ou de estar a olhar para o relógio. E, então, saquei logo uma aplicação para isso. Esta aqui em baixo - nome mais óbvio não poderia ter. Esta foi do dia em que dei entrada no hospital, dia 20 de Março de 2014. 



3 - O que chamam de contracções falsas são, pronto, mini desconfortos ocasionais, são chatos, é verdade, mas são falsas e completamente diferentes. Pelo menos, no meu caso. 

Já repararam como está tudo muito bem feito? Por volta desta altura já estamos tão fartas de estar grávidas que as dores, apesar de muitas, são bem-vindas! :) Está tudo muito bem feito, não haja dúvidas. 

Como descreveriam vocês as vossas? Ainda se lembram?

10.10.2015

Querem ajudar as recém mamãs, é?

Toda a gente (ou quase) é muito bem intencionada quando nasce um bebé de um familiar próximo ou de uma amiga. 

Engraçado que também há precisamente o oposto: as pessoas que, de repente, desaparecem como se tivéssemos apanhado herpes na cara toda.




- Se puderem não visitar nos primeiros dias, agradecemos. 

Quando chegamos a casa, temos de encontrar a nossa sintonia com os bebés, com o sono, com tudo e, por isso, se se puderem juntar à manada de gente que vai ao hospital, melhor. Depois só dali a 3 meses. E com prendas sff. Para a mãe.

- Se levarem sopa ou se forem limpar a casa, podem e DEVEM visitar. 

Façam-no é sem mandar grandes bitaites sobre se o bebé devia estar a dormir de barriga para cima ou de pés para o lado, se cheiramos a leite azedo ou se devíamos pôr um pozinho para não parecer que fomos violentadas por um Sagui obeso.

- Não temos nada para contar. 

Não. Não, não temos. Podemos contar a história do parto outra vez, mas não nos apetece, ainda para mais se ainda tivermos o pipi todo cosido. Sim, podemos continuar a acenar com a cabeça a dizer que o miúdo é bonito, mas no fundo, no fundo, queríamos era estar a dormir ou sem estar a fazer conversa de xaxa. Sejam rápidos. Sejam tão rápidos como o desaparecimento do subsídio de férias da conta.

- Levem flores ou chocolates ou qualquer coisa para as mães.

Não que odiemos os nossos bebés, mas vai saber tão bem sentir que ainda importamos e que temos ali algo para nos deixar ainda mais felizes quando as pessoas sairem.

- Ofereçam-se para dar uma olhadela no bebé para irmos tomar banho. 

Sim. Sim. Sim. Sim. Sim. Tomar banho é um direito. Tomar banho com calma também. É do que precisamos mais. Mais disso do mais um par de sapatos para um bebé que ainda nem respirar decentemente sabe.

- Informem-se um bocadinho sobre amamentação ou qualquer coisa que seja útil. 

Assim também oferecem outro tipo de apoio à mãe. Um que ela precise. Principalmente não vão encher a cabeça da mãe (tão susceptível nesta hora) de coisas palermas que podem vir a fazer-lhe mal e, ainda para mais, totalmente bem intencionados, claro.

- Lavem as mãos. 

O bebé pode fazer imenso cocó mas, não é um corrimão das escadas rolantes do Colombo. Não é para toda a gente por lá a mão e pronto. É lavar para tocar no bebé. 

- Não venham a cheirar a tabaco.

Fumo passivo. Sim, eu sei que as fumadoras estão a rolar os olhos para cima. Eu sou ex-fumadora e esta conversa também me irritava, mas a verdade é que faz mesmo mal aos bebés e os pulmões ainda estão a maturar.

- Não nos digam se estamos feias ou com um aspecto horrível.

Alguma mulher que vocês conheçam desconhece quando está mal? Nós sabemos quando parecemos um ralo. Não digam coisas desagradáveis, porque vão ser multiplicadas por mil na cabeça da mãe.

- SEJAM RÁPIDOS.

Não venham para cá passar o sábado nem o domingo. Não venham ver a bola. Venham "dar um beijinho". A mãe e a nova família precisam de calma e de descanso. Depois o forrobodó. Depois podemos ter o mesmo nível de energia que o João Baião. Para já, não. 

E mais? ;)



8.23.2015

Aula de Preparação para o Parto à la Mãe é que sabe (#01)

Episiotomia, rolhão mucoso, APGAR, DPP, um sem número de termos novos que vão fazer parte das vossas vidas.

Aconselhamos aulas de preparação para o parto, aconselhamos sim, senhora. Mas quem não estiver muito para aí virado, fica com umas aulas grátis a la Mãe é que sabe, com parvoíce incluída e sem que o pai da criança tenha que adormecer ao vosso lado e fazer-vos passar a maior das vergonhas. O que não impede que os pais leiam isto, estão a ouvir?!! Também estiveram na hora H, não estiveram? Acham vocês.

Bem... vamos lá a isto.



AULA NÚMERO UM - começamos pelo fim.
Há um bebé na vossa barriga. Ou dois. Ou três. Já chega, não? Esse bebé agora está do tamanho de uma azeitona ou de uma manga. Mas quando estiver pronto a sair do forno vai estar do tamanho de uma melancia, mas com mãos e bracinhos, que no momento podem estar a dançar o Mila, do Netinho. Ora, poderão ter de levar um corte no pipi, a que se chama episiotomia. Ou apenas corte no pipi, se quiserem facilitar. Mas, na verdade, é um corte na zona do períneo, entre a vagina e o ânus.

- Os pontos caem por si, em princípio (fiquei com um a chatear mais uns tempos...)

- Vai custar-vos sentarem-se numa cadeira nos primeiros dias, ou semanas... (ajudava-me sentar-me com uma perna por baixo, tipo à chinês, mas perneta)

- Depois do banho, secar muito bem com uma toalha

- Gelo, muito gelo. O preservativo que não usaram quando estavam a brincar aos médicos e às enfermeiras, usam-no agora. Verdade! Repeti a técnica do hospital. Enchem o preservativo de água, põem-no a congelar e depois voilà. NÃOOO! Não é para enfiarem... (tosse, tosse). Acreditem que nada vai entrar nesse local sagrado nos próximos dias (semanas). Fica cá fora, mas ali coladinho.

- Se fizerem exercícios de Kegel antes do parto, ajuda depois na recuperação dessa zona - ver aqui o que são (eu já fazia anos antes, é muito importante, para prevenir a incontinência e para melhorar o desempenho sexual - nunca ouviram falar daqueles ovos/bolas de Kegel, muito popularizadas na China?)



Mães que já tiveram o prazer de saber o que é esta coisa da episiotomia, mais algum conselho?

7.01.2015

Afinal Havia Outra (#26) - Às vezes os milagres acontecem aos pares

O meu grande sonho sempre foi ser mãe. Imaginei tantas vezes como seria sentir um bebé a crescer na barriga, estar 9 meses a receber miminhos do marido, família, amigos; cantar, falar e mimar o meu bebé dentro da barriga, ter muitos desejos de doces e não ligar nenhuma à balança, sorrir todos os dias apenas porque ter um bebé nos faz ser melhores, nos faz ser a pessoa mais feliz do mundo, nos faz sonhar, nos faz tanto mas tanto bem. Imaginei muitas vezes a minha gravidez, o meu parto, o meu pós parto, o meu bebé, até o meu possível baby blues… mas nada foi como imaginei. A minha viagem ao mundo da maternidade foi difícil, atribulada, uma autêntica montanha russa de sentimentos e emoções.


Este meu sonho de ser mãe juntou-se ao sonho do meu marido de ser pai e assim resolvemos tentar engravidar. Estava de tal maneira ansiosa que fiz o teste dois ou três dias depois da ausência da menstruação. Quando vi o “grávida” o meu coração parecia que ia rebentar com tanta alegria, o meu marido agarrou-me ao colo e ficámos os dois a aproveitar o momento e a sonhar com o nosso bebé… mas mal sabíamos nós que não era um bebé mas sim dois que estavam a caminho. Estávamos muito longe de imaginar. Na primeira ecografia apenas se via um saquinho e uma sementinha, mas eu juro que via duas, mas como o meu marido (que até é médico) juntamente com a minha Obstetra não comentaram nada eu fiquei caladinha. Passados uns dias a minha barriga crescia a olhos vistos (mais do que o “normal”) e os vómitos e enjoos eram constantes e não conseguia aguentar nada no estômago. Lá se ia o meu sonho de comer muito na gravidez.

Finalmente tinha chegado o dia da segunda ecografia e afinal eu tinha razão, as mães nunca se enganam… eram mesmo dois bebés! Fiquei duplamente feliz e duplamente ansiosa. Quando contei às pessoas mais próximas ninguém acreditava pois sempre dissera a brincar que iria ter gémeos, ou melhor, trigémeos! A sorte foi que Deus teve pena de mim e só me deu duas de uma vez, nem quero imaginar como seria com três.

O primeiro trimestre foi vivido com muitas náuseas e vómitos, era quase impossível aumentar de peso, tomava os meus milagrosos comprimidos para o enjoo que me davam um sono horrível, tive de deixar o trabalho e ficar em casa, ou melhor dizendo, no sofá, pois foi esta a minha companhia durante muitos dias. Comecei a sentir os bebés muito cedo, com umas 18 semanas sabia que tinha um ou uma que não parava quieto e outro ou outra mais calmo pois não se mexia tanto. Também as contrações chegaram mais cedo, o que obrigou a mais e mais repouso. A barriga estava a aumentar a olhos vistos e pensava muitas vezes como ia ficar com 38 semanas de gravidez. Estava com alguns receios como é normal de mãe de primeira viagem e ainda por cima logo de duas bebés, mas a alegria superava todos os receios. No dia que soube que iam ser duas meninas foi um dia mágico, sempre quis tanto ter meninas. Engraçado que o meu marido desde o início que disse que eram meninas… mal ele sabia que estava tramado com três mulheres em casa.

A gravidez estava a ser super vigiada, consultas e ecografias semanais, estava longe de imaginar o que iria acontecer. Às 25 semanas de gestação o nosso mundo parou com a notícia de que as meninas podiam nascer a qualquer momento. Da notícia até elas nascerem nem passaram 24 horas, não tive tempo para reagir, para pensar no que estava a acontecer. A alegria deu espaço ao medo ao desespero, à dor, à angústia. E de um momento para o outro, as Marias nasceram. Sem grande aviso, sem preparação. O parto foi complicado pois uma já estava a meio caminho e a outra deitada sem querer sair, foi tudo muito rápido mas para mim foi uma eternidade. Adormeci a olhar para a anestesista e como aquele olhar me tranquilizou e me deu esperança. Não sei explicar mas acreditei sempre. Mas mesmo antes de adormecer falei-lhes em pensamento para terem força e que as amava muito. E quando acordei já tinha um sorriso nervoso do meu marido e umas fotografias das nossas “meio quilo de gente” mais lindas do mundo. Só as pude conhecer no dia seguinte. Tão pequeninas em tamanho e tão grandes no coração, que força de viver… e de repente já estavam elas a ensinar-nos a força e o poder do amor, quando éramos nós que pensávamos que lhes íamos ensinar tudo isso. 



Conheci as minhas filhas tão cedo… ainda não sabiam respirar, tinham os olhos fechados, orelhas mal definidas, pele vermelha (nem sei se podemos chamar pele), tinham uma mini fralda, estavam rodeadas de tubos e eram picadas e aspiradas de hora a hora. Vi o primeiro olhar e o primeiro sorriso, mas o choro só o ouvi ao fim de 26 dias, quando tiraram o ventilador.

Um xixi, um cocó, tudo era uma vitória, e coisas tão banais para a maioria dos bebés, para mim era como ganhar o euromilhões. Era tudo muito lento mas tudo mágico, e apesar de todos os tubos e de estarem a viver numa caixinha mágica (como lhe chamava), estavam rodeadas de tanto mas tanto amor!! O amor cura tudo e curou as nossas princesas!

Olho para trás com alguma tristeza por não ter chegado a viver um terceiro trimestre de gravidez, não ter tido um chá de bebé, mala de maternidade, enxoval, aulas de preparação para o parto, visitas ou mensagens de parabéns no dia em que nasceram, flores ou prendas, sorrisos, até dores pós parto (pois estava ocupada com outras dores maiores). Não tive aquela sensação mágica de tanta felicidade que a maioria das mães refere quando nascem os filhos, mas sim um medo enorme de as perder. Apesar desse medo, sempre acreditei nelas mesmo quando os médicos diziam o contrário. Não pude abraçar as minhas filhas (só ao fim de 26 dias), não era mãe a tempo inteiro, apenas umas horas (e isto doía tanto), tocava nelas apenas quando permitiam, cantava para elas sempre que podia, tirava leite pela bomba numa sala com outras mães à qual chamava sala de partilha da dor, pois ali éramos um pouco mães de todos. Tive duas mastites mas mesmo assim continuei a tirar leite (para o bem delas fazia qualquer coisa). E no fim do dia, regressava a casa, com uma dor horrorosa, uma sensação de vazio, de medo, de angústia, de não querer estar longe delas. Mas ao mesmo tempo sabia que tinha de descansar para estar bem perto delas. Chegava a casa tão triste, tão vazia, uma solidão. Olhava para os berços e não as via, olhava para a barriga e não as sentia, e recordava tudo o que aconteceu novamente, e rezava para conseguir dormir. Tinha a sensação de que estava a viver um sonho ou pesadelo (nem sei bem) e que nunca mais acordava. Tinha pânico que o telefone tocasse, não conseguia ligar para o serviço, não queria chorar perto delas mas também não queria deixá-las quando elas não estavam bem. Mas às vezes bastava olhar para elas para saber se estavam bem ou não. Tantas vezes me senti a desmaiar, sem força, com vontade de desaparecer. Mas o amor salvou-nos aos 4, sempre esteve presente, sempre deu esperança, força, coragem.

As Marias deram-me as maiores lições de vida. Ensinaram-me a amar, acreditar, a sonhar, a ter esperança, a ter fé e a ser uma pessoa melhor.  Lutámos juntos com muito amor, durante 109 dias, e apesar de terem sido dias de uma autêntica montanha russa de emoções, acreditámos sempre!!! 
 

Desde 27 de Junho de 2014 que estamos em casa todos juntos com muitos cuidados extra pois a prematuridade nos primeiros meses após alta requer mais vigilância, mais cuidados com possíveis infeções, menos idas a rua (no inverno quase nenhumas), mínimo de visitas. Mas apesar disso e agora que está a fazer um ano de alta delas, valeu tudo a pena. Este ano que passou foi sem dúvida uma grande aventura. Cuidar de gémeas, pais de primeira viagem e com muito poucas ajudas, pois os nossos familiares estão longe, não tem sido uma tarefa fácil mas prometemos escrever um dia sobre as aventuras e desventuras de pais de duas gémeas. Aliás, vou antes deixar para o pai escrever que ele tem muito mais jeito que eu.


Débora Barroso

Envie-nos a sua história para amaeequesabeblog@gmail.com para nos poupar um bocado os teclados do computador, se faz favor. E porque queremos dar a conhecer histórias diferentes.

6.26.2015

Esta mãe quer que o filho veja o pai quando nascer!

Ou que o pai veja o filho...

Nem consigo imaginar o meu parto sem o David ao meu lado, a dizer piadas, a acalmar-me, a dar-me força e a ver a nossa filha no primeiro segundo da vida dela. Ouvindo-a chorar e acalmar-se no meu peito, vendo-a mamar pela primeira vez, pegando-a ao colo pouco tempo depois. São momentos de grande vínculo, inesquecíveis, que tornam um parto num momento emocionante, em família, humanizado.

Já Mónica nunca soube o que era ter o marido ao seu lado, nos momentos mais importantes das suas vidas. Vai ter, em breve, o terceiro filho, o Martim, e quer que, pela primeira vez, o pai possa assistir ao nascimento. É que Mónica vai, pela terceira vez, ter um parto por cesariana, no público, e a presença do pai sempre lhe foi vedada.

Inconformada, o que é esta mulher decidiu fazer? Com a ajuda de uma enfermeira, criou uma petição para que os pais possam assistir às cesarianas, para assinar aqui! É mesmo, mesmo importante que até dia 2 de Julho se consigam reunir 4000 mil assinaturas, para que a discussão ocorra em Plenário da República.

Estamos a falar de cesarianas programadas, em que não é necessário intervir de forma rápida ou com suspeitas de sofrimento fetal ou materno.

Assinei a petição. E o David também assinou, porque este é um direito deles.
Vão assinar?! Já falta pouco, força!

Para saber mais sobre as incongruências entre o que está na lei e o que se argumenta nos hospitais públicos, leiam este artigo do Público.


6.15.2015

Lista de Essenciais para o Bebé (e para nós)

Tenho uma amiga que tem uma amiga que está grávida. (A sério que estás a começar este texto assim?, pergunta o grilinho dentro da minha cabeça.) E essa amiga da amiga, a Carla, pediu-me que a ajudasse com a lista de essenciais para o bebé. "Mas queres a lista para a maternidade ou para ter em casa?" "Tudo, por favor." Vou dar o meu melhor.

Já vos fomos dando algumas dicas, aqui e aqui. Mas cá fica a minha lista:

MALA DE MATERNIDADE DO(A) FILHO(A)

- Três babygrows fáceis de vestir (nada destes para os quais a Joana Gama chamou a atenção aqui que, por sinal, eram do género do primeiro que a Isabel vestiu e tive as enfermeiras em stress a tentarem vestir-lhe aquilo). Acho que, no verão, de algodão serão suficientes.
A primeira roupa da Isabel
- Três bodies de manga comprida, de algodão (compro os interiores e os pijamas todos na Primark)

- Três calças interiores ou collants

- Um casaquinho de malha

- Um gorro (perdem muito calor pela cabeça), mas depende muito do calor do hospital (o meu era uma estufa e só usou na primeira noite).

- Quatro pares de meias

- Fraldas q.b. (alguns hospitais dão as fraldas. E mesmo que sejam precisas mais, há sempre um pai ou um avô para ir buscar mais). Eu comprei Dodot, mas dizem que as Libero para recém-nascido são muito boas.

- Compressas (não usei toalhitas nos primeiros meses), limpava apenas com compressas com água quente

- Fraldas de pano (uma ou duas): no meu caso, fiz uns envelopes com as fraldas de pano para cada uma das mudas de roupa, selados com alfinetes de ama.

- Toalha para o banho

Não é necessário:

- Chucha (para não atrapalhar a amamentação) nem biberon
- Sapatos nem gangas e coisas desconfortáveis

Eu sou betinha, por isso levei uns conjuntos todos mariquinhas - mas práticos - com cueiros, divididos por dias, mas duvido que haja por aqui muita gente com paciência para isso, daí ter simplificado a coisa


MALA DE MATERNIDADE DA MÃE

- Três camisas de dormir (ou aquilo que for mais confortável para vocês, equacionando que têm de  despir para dar mama)

- Chinelos (de banho e de quarto, ou só de banho)

- Kit higiene + cremes 

- Soutiens de amamentação (dois ou três)

- Discos absorventes para pôr no soutien (caso tenham a subida do leite logo lá)

- Purelan, da Medela - pomada para os mamilos - os primeiros tempos da amamentação podem não ser a coisa mais maravilhosa do mundo, porque nem sempre a pega está a ser bem feita, por isso, usar Purelan ajudou-me bastante.

- Carregador telemóvel + máquina fotográfica (com cartão e bateria carregada)

EXTRAS QUE ME SALVARAM A VIDA:

- Elástico para o cabelo (parece ridículo, mas depois esquecem-se e dá tanto jeito!)

- Spray de água termal da Vichy - naquelas longas horas de espera em trabalho de parto em que não se pode comer nem beber, borrifar-me foi o que me safou, palavra! Sentia a cara e os lábios sempre hidratados.

- Tena Pants - Ah, pois é, minhas amigas, também eu pensava que me ia guardar lá para os 70 anos, mas segui o conselho não sei de quem, experimentei e não quis outra coisa (quer dizer, quis, quis outra coisa, mas enfim, teve de ser). Ainda experimentei uma vez um penso numa daquelas cuecas de rede que nos dão no hospital e não tem nada a ver, deslocam-se, saem de sítio e é desconfortável. Com estas cuecas-penso não há risco de nada sair de sítio, ajustam-se bem e estamos sempre confortáveis. Além de que se rasgam para despir, não tendo de fazer grande esforço para nos baixarmos. Recomendo, sem dúvida! 


COISAS QUE ME SALVARAM AS MAMAS EM CASA:

Além do Purelan e do leitinho materno aplicado nos mamilos, as almofadas de hidrogel (que vão ao micro-ondas e ao congelador) e as conchas colectoras foram tão minhas amigas! Andar com as mamas ao ar-livre também. Aconselho, aconselho, aconselho (mesmo que pinguem LOL).



EM CASA:

- Berço para estar coladinho à nossa cama: nos primeiros meses, pelo menos, o lugar do bebé é bem pertinho de nós. Emprestaram-me um antigo, de verga, lindão, mas há já imensa oferta por aí. Gostei deste da Chicco, por exemplo. Se quiserem poupar uns trocos, ou não puderem meter-se em mais despesas, a cama de grades colada à nossa também funciona, claro.

- Cama de grades: comprei a cama no IKEA e adoro. Barata e bonita. O colchão também é do IKEA, mas investi no melhorzinho que lá havia. Vão precisar também de resgardo para a cama, lençóis e uma manta. Ou um saco-cama, como preferirem.


- Trocador: é dispensável, se tiverem um armário de gavetas com uma largura considerável, onde possam pôr um muda-fraldas. Eu comprei o trocador no IKEA (Gulliver), com 3 prateleiras, que além do apoio à higiene (com fraldas e produtos dentro de cestas de vime da Zara Home), tem também, ao nível da Isabel, a biblioteca dela.
Como não apreciei as forras do muda-fraldas do IKEA, comprei uma linda da Blu Home.  Além desta forra de tecido, apercebi-me que teria de ter resguardos descartáveis, que se mudam assim que há alguém que decide mexer-se um bocadinho e “borrar a pintura” durante a muda da fralda. 

- Cadeira/ poltrona para amamentar e dar colinho.
Andei meses à procura de uma poltrona para o quarto dela, mas acabei por comprar uma cadeira de balouço branca que “forrei” com almofadas. Não sabia se seria prática, mas é! Era onde amamentava quando a mudei de quarto e onde lhe conto histórias e onde a embalo, nos dias em que se torna impossível adormecê-la na cama. 

- Tapete: quis o mais simples possível e encontrei na Quadrinhos da Mó um creme, fácil de lavar, que é só pôr na máquina.

- Almofada de amamentação: deu-me um jeitaço nos primeiros meses para a amamentar na minha cama e no sofá da sala

- Banheira: como não tínhamos espaço na casa de banho, pusemos uma banheira à nossa altura (acho fundamental para as nossas costas), que era simultaneamente trocador, no nosso quarto. Comprámos em segunda mão. Quando começou a nadar na banheira, e a molhar o chão todo, mudámos só a banheira (sem a estrutura alta) para o nosso WC, encaixando-a na nossa banheira.

CASA/RUA:

- Ovo para o automóvel: usei o do carrinho da Chicco que me emprestaram, mas nunca fui fã (comprei uma forra também na Blue Home, na imagem acima).
- Carrinho (se fosse agora, teria o que ando sempre a apregoar, porque é leve e prático, da Greentom)
- Espreguiçadeira (para quando precisamos de ir fazer um xixi, comer ou tomar banho e tê-los sempre debaixo de olho)
- Sling/pano/marsúpio: emprestaram-me um sling de argolas e adorei tê-la sempre pertinho de mim, levá-la a passear e até para fazer algumas coisas em casa
- Pano para Swaddle (neste vídeo mostra como fazê-lo: garanto-vos que os acalma muito!)

Não é necessário: esterilizador, biberons, leite adaptado, brinquedos (no primeiro mês não ligam e vão oferecer-vos também).

Mais alguma coisa a acrescentar à lista? O que tirariam da lista? ;)

5.30.2015

Também têm dores esquisitas?

Preciso mesmo de vocês. A sério que sim. E nem é para vos pedir dinheiro, vejam lá o quanto eu estou a ser honesta e transparente. Estou a ser tão transparente quanto o vestido daquelas meninas que não têm maminhas e acham que não precisam de usar soutien e, portanto, fica a ver-se as maminhas. Lembrei-me agora que a Joana já me contou que, às vezes, não usava soutien. Espero que sejamos mesmo mais mulheres que homens aqui, senão este post seria provavelmente o primeiro post pornográfico num blogue de maternidade. Ah! E mães das maminhas sem soutien, existem "tapa-bicos", só para que saibam. Agora já podem andar assim com eles à mostra, não me importa. A amamentação fez milagres aos meus e passei a ter uns, mas dantes ficava importada e invejosa. 

A fingir que as pernas são minhas, já que tenho uns ténis quase iguais. 


Preciso mesmo de vocês! Desde que a Irene nasceu que ocasionalmente fico com a perna direita muito esquisita. Parece que tenho um garrote na virilha e que o resto da perna incha, mas sem inchar. Como se estivesse dormente, mas sem estar. Dói-me a coxa, o pé, o calcanhar... Já tomei Ben-u-Ron, voltaren e nada. Deduzo que não seja muscular. Agora estou a tomar uma trampa dum suplemento  (não estou a falar de leite artificial muhahah) que me deram na farmácia na última vez que tive isto e que, por acaso, coincidência ou não, ajudou a passar. 

Alguém já passou por isto? Ou está a passar por isto? Ou sabe o que é? A que especialidade devo ir já que só vi a minha médica de família uma vez e foi no Oeiras Park? 

Help!

Terá sido das 40 epidurais? Há efeitos assim a tãaaaao longo prazo?


PS - Custa-me tanto a adormecer. Estou o dia inteiro focada nisto porque a perna faz questão de mostrar que está constantemente presente. Como se estivesse a ferver.

5.28.2015

Em que hospital?

Depois de ter contado o episódio pelo qual passei no hospital onde pari a Irene (escrevo deliberadamente parir por achar que "dar à luz" é demasiado criativo para o que é) aqui que fez com que saísse de lá com vários mini-biberões de leite artificial já preparado (para quem não esteja informada sobre os benefícios da amamentação, deixem-me resumir e dizer que é tão mau que, em muitos países, já é considerado crime), decidi ajudar as grávidas do processo de decisão relativamente ao hospital onde vão, lá está, "dar à luz". 

Vim a saber que o meu seguro não cobria o parto. Tinha de ser um parto com tudo a ver-se (por não ser coberto). Ah. Piada seca. Quer dizer que, se tivesse de parir num hospital privado, teria de ser eu a desembolsar mais de mil euros, certamente. 

Sendo assim, ficou no público. Até porque dizem que, quando há complicações nos partos nos privados, em última instância, são enviados para o público (será isto mesmo assim?).  

Não fiz questão de que fosse a minha obstetra a fazer o parto, porque acho que se dantes os partos até eram feitos sozinhos, não há de mudar muito de médico para médico. Digo eu. Se calhar até teria corrido bem melhor, apesar dela só fazer no privado.



A única desvantagem (que me incomodou realmente) de ter parido no público foi o Frederico não poder ter estado comigo o tempo em que estive internada. Após o parto teve de ir logo embora e só podia visitar-me, lá está, no horário das visitas.

Para além disso, mas isso não é desvantagem do público, é a desvantagem de não ser um hospital AMIGO DO BEBÉ, o pessoal do hospital não estava formado em amamentação, não tinha disponibilidade para me ajudar de forma produtiva com isso e, pelo contrário, até incentivava o consumo de leite artificial. 

Pouco tempo depois de ter escrito aquele post do qual falei ali em cima, saiu este artigo no Sapo LifeStyle. Muito útil, que vou passar a coiso para aqui. 

Por acaso já ouviu falar da Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés? 

Em 1992 a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançaram um programa mundial de promoção do aleitamento materno intitulado Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés (IHAB), internacionalmente conhecido como Baby Friendly Hospital Initiative (BFHI).



Esta iniciativa foi decidida com base nos resultados da investigação científica que aponta os benefícios do aleitamento materno para a saúde da criança e da mãe e se dirige ao momento considerado mais crítico para o sucesso de uma boa amamentação - o período de internamento por ocasião do parto.

 A Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés tem por objectivo a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno através da mobilização dos serviços obstétricos e pediátricos de hospitais, mediante a adopção das "Dez medidas para ser considerado Hospital Amigo dos Bebés".



(...)

Dez passos para ser considerado Hospital Amigo dos Bebés

1. Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, que deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipe do serviço.

2. Treinar toda a equipe, capacitando-a para implementar essa norma.

3. Informar todas as gestantes atendidas sobre as vantagens e o manejo da amamentação.

4. Ajudar a mãe a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto.

5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos.

6. Não dar a recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que tenha indicação clínica.

7. Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães e bebês permaneçam juntos 24 horas por dia.

8. Encorajar a amamentação sob livre demanda.

9. Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas.

10. Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio à amamentação, para onde as mães devem ser encaminhadas por ocasião da alta hospitalar.

Em Portugal, fazem parte desta Comissão os seguintes hospitais

Hospital Garcia de Orta

Maternidade Bissaya Barreto

Hospital Barlavento Algarvio

Maternidade Júlio Dinis

Maternidade Dr. Alfredo da Costa

Hospital Fernando da Fonseca

Hospital São Bernardo Setúbal

Hospital Pedro Hispano

Hospital Nossa Senhora do Rosário Barreiro

Hospital de Santa Maria

ULSAM – Hospital de Santa Luzia

Por SAPO Crescer



Fica aqui a minha sugestão. ;) Se conhecerem mais amigos dos bebés, adicionem à lista! 

5.26.2015

O segundo em que conheci a Isabel

O segundo mais feliz da minha vida. Esse e todos os que se seguiram.



Era assim que eu estava, depois de umas 12 horas em trabalho de parto e de 10 minutos na sala de partos. Vê-se bem nos olhos a força que tinha acabado de fazer. O cansaço. Estava com fome e sede. Mas vê-se principalmente a alegria. Tinha o queixo sujo de sangue e tinha acabado de sentir a minha filha, quente, primeiro nas minhas pernas e depois no meu peito. A emoção das emoções. Disse logo que ela era bonita. Agora vejo uma bebé inchada, com a cabeça deformada da ventosa, mas delicada. Lembro-me bem do choro, baixinho e suave, como todos os outros que se seguiram. Assim que ouviu a minha voz parou de chorar. Dessa magia não me vou esquecer nunca.






O meu parto foi o momento mais maravilhoso da minha vida. Foi tudo o que desejei, acompanhada por pessoas calmas, divertidas, pela médica dos meus sonhos e pelo homem que me faz feliz e me conhece como ninguém. Foi um parto a rir. A primeira coisa que fiz quando senti uma coisa quente a descer pelas minhas pernas foi soltar umas gargalhadas enormes. E é com um sorriso nos lábios que recordo todos os momentos. A enfermeira que não sabia abrir o alfinete de ama, o barrete por cima do barrete, as orelhinhas enroladas, a pele cor-de-rosa. A primeira vez que mamou, para logo depois adormecer aconchegada ao meu lado. A primeira vez que o David a pegou ao colo, já no nosso quarto. Tenho tudo gravado na minha memória, como se fosse hoje.

5.24.2015

A última foto antes de ser mãe.

Vocês só me conhecem como mãe da Irene, mas antes eu era a grávida da Irene. Era uma menina que passou de ansiosa por engravidar, a ansiosa por estar grávida, a grávida e cheia de dores durante imenso tempo e, afinal, era só falta de uma vitamina, a grávida e prestes a ser internada (para parir, não por problemas de cabeça - ainda).  Adoro dizer parir. Parir. Parir. Parir. Já de parir, não gostei tanto.

Aqui a minha felicidade estava intercalada com dores agudas, contracções muito grandes. Tinha acabado de entrar, mas o Frederico tinha de ficar na sala de espera até eu estar com a epidural em ordem e deitada. Ele foi buscar o saquinho com a primeira roupa da Irene. Rimo-nos e chorámos na sala de espera. Ai, esperem. Acho que só eu é que chorei. 

Já andava há mais de uma semana a achar que era o dia. No dia, comecei de manhã a tomar conta das contracções com uma aplicação manhosa qualquer. E estavam, desde cedo, na "velocidade" certa para indicar que tudo iria acontecer. O problema é que depois paravam durante uma hora ou duas. Não sabia o que fazer à minha vida. 

Até foram lá duas agentes imobiliárias ver a casa e eu consegui ser simpática. Fomos para lá. Fiz o CTG, mandaram-me ir jantar, tomar um banho e voltar. Tomei o banho mais rápido de sempre, não comi nada de jeito, deitei-me no sofá a ver "As Desavergonhadas" (Sic Radical) com o Frederico enquanto gemia de dores e não aguentei mais. Supliquei para voltarmos. Já chorava. Ah! Esqueci-me de dizer que moravamos a 2 minutos de carro do São Francisco Xavier. 

Fomos. Fui logo atendida e logo internada. 

O resto não interessa que já contei. Se gostarem de histórias de partos demorados e traumatizantes, está aqui.

Esta foi a última fotografia antes de ser mãe. E adoro que tenha sido. Foi para mandar ao Frederico que estava nervoso por mim e que ainda não podia estar comigo.



5.11.2015

Afinal Havia Outra (#24) - O dilúvio

Pois bem, todas nós (a grande maioria, vá) das mulheres já passou, passa atualmente ou irá passar um dia esta maravilhosa fase da vida que é a maternidade, mais nos vale saber de tudo e encarar tudo com a maior naturalidade. Se possível, rir-nos dos momentos mais estranhos ou sensíveis. No fundo, não levar isto demasiado a sério e não se desfazer em ranhos porque, para nós, ser mãe não é tão bonito e glamoroso como se lê na maioria dos livros ou se vê nos mais bonitos e delicados blogues.
A minha gravidez foi um mar de rosas, eu fui aquela grávida que evangeliza todas à sua volta para fazerem o mesmo! Relatada por mim, a gravidez era o tal estado maravilhoso, em que inchamos um pouco, mas estamos lindas de morrer, porque estamos a fabricar um ser fofinho. Tiramos fotos lindas, e mesmo que não estejamos muito bem, não faz mal, porque toda a gente vai adorar e dizer que estamos super bem e vamos ter mil likes onde quer que publiquemos a foto.


No meu caso, como vivo em Edimburgo, na Escócia, era ainda mais fácil de fazer a todos os amigos em Portugal acreditar que era tudo lindo e maravilhoso.
E a verdade é que era.
Enjoos? Nada.
Pés inchados? Nunca tive.
Aumento de apetite? Também não (mas não quero que me odeiem já. Nunca fui magra e no meu caso a barriga fofinha a quem sempre carinhosamente chamei de pipo, até serviu para me disfarçar aquelas gordurinhas típicas da zona lombar. Pneu! )

A única coisa que tinha eram de facto, algumas dores de costas, mas convenhamos, temos uma mini pessoa a levedar dentro do nosso corpo! Acho que é o mínimo que temos que sentir!

Tudo corria realmente impecável, até ao dia em que completei 27 semanas (6 meses em tempo de gente normal).
Estava no sofá com o marido, depois de decidirmos faltar a uma festa de aniversário em prol de um documentário sobre o 11 de Setembro (foi a 13 de Setembro) quando senti que se me escapava algo líquido. 
“JÁ?” –pensei eu, lembrando alguns textos lindos sobre perder o controlo dos músculos vaginais ao espirrar ou tossir no final da gravidez. Era um pouco cedo, mas se calhar já estaria em tal estado cachalote que já não me segurava.
Discretamente me levantei (tão discreta quanto pode ser uma pessoa redonda, em modo pino de bowling) e fui ao quarto de banho, não querendo por nada deste mundo partilhar tão belo momento com o marido.
Sento-me de novo e de novo um pequeno geiser. Neste momento a minha vontade de chorar já era bastante, mas controlei-me pois visto estar a perder liquido por outros meios, estava obviamente preocupada com uma desidratação.
A verdade é que o controlo de choro de uma grávida é tão resistente como um guarda chuva dos pequenos num dia de vento extremo. Virou.
Lembro-me de, entre baba e ranho, divagar sobre como iria conseguir sair de casa nos três meses que faltavam, naquele estado de incontinência grave. O marido, coitado, tentava de tudo para me acalmar. Em vão, claro está!
Preparamo-nos para ir ao hospital, e nos entretantos, eu já tinha molhado dois pijamas, umas calças de ganga e ensopado duas toalhas de banho. Das grandes.

A verdade é que aos 6 meses de gravidez, rebentaram-me as águas. Nem queria acreditar no que diziam os médicos e enfermeiros. Foi o maior susto das nossas vidas e estávamos sozinhos, noutro país.
Não foi fácil, mas correu tudo bem! Acho que nestas situações o melhor é seguir em frente e ter esperança!
O bebé era pequenino, mas estava bem e felizmente não achou que era hora de nascer. Fiquei de repouso e aguentamos assim mais um mês.
Fiz tricot para me entreter, apesar de não me ter entretido muito, pois a única peça que teve vida não serve nem para cachecol do puto. E olhem que o puto é bem pequeno!
Aos 7 meses (ou 31 semanas) nasceu o Vasco, com 1,530kg e uns bons 38cm. Um pequeno campeão.
Apesar de todo o perigo inerente a esta situação, ele esteve 1 dia no ventilador (apenas 1, ainda há quem não acredite), 15 dias na incubadora e 24 na Unidade Neonatal.
Até agora, não teve problema nenhum e é um bebé relativamente calminho e bastante fofinho.
Tem olhos azuis, o que é estranho pois nem eu nem o pai dele os tem, e começa agora, depois dos 3 meses, a ficar um pequeno buda e a encher os refegos das pernas, como se quer!
É uma alegria passear com ele na rua, e explicar que não, ele não acabou de nascer e sua mãe inconsciente anda já a arrastá-lo pelo frio escocês. É sim, um prematuro de 3 meses e meio que até nunca esteve doente. É só mais compacto que o normal, uma pocket version.

Ou então às tantas digo que sim, nasceu há duas semanas e eu é que já recuperei dos 15kg que ganhei.
Era capaz de não fazer muitas amizades!!!

Elsa Maria Gomes
mãe do Vasco

5.06.2015

Afinal Havia Outra (#23) - O meu parto durou 40 dias.

Nem gosto muito de escrever, mas gosto tanto do vosso blog que quis contar a minha/nossa história.
Tive uma primeira gravidez, mas o coraçãozinho da nossa estrelinha deixou de bater às 10 semanas e tive que ser internada para fazer um aborto com direito a raspagem, crises, asmas, muitas infecções, mas sempre com esperança que, dali a um ano, estaria naquele mesmo hospital de barriga grande para ter o meu bebé.

​Finalmente fico grávida novame​nte, mas até às 12 semanas não vivi a gravidez. Tive algumas perdas de sangue e andava sempre a ouvir o coração do bebé. Pensava eu que depois das 12 semanas é que ia andar tranquila. Errado.
Depois das 12 semanas começaram umas dores difíceis de explicar, parecia que estava com cólicas de período, daquelas em que temos vontade de nos deitarmos no chão, mas não o fazemos com vergonha... Várias idas à GO, às urgências, nada de contracções, bebé a evoluir bem, análises óptimas, só poderiam ser os músculos que estava a custar esticarem. Apesar do meu trabalho ser sedentário, às 20 semanas fico de baixa, mas como as dores não passavam, nem todo dia deitada na cama, a minha GO internou-me, por precaução, no dia antes das 23 semanas.

No dia a seguir, nova equipa médica, e vamos lá dar alta à menina, que isto não é um hotel e ela só tem umas dorzinhas, nada de especial. Mas pelo sim pelo não decidiram fazer uma ecografia antes de ir, por descarga de consciência... Ligam o aparelho e os dois médicos gelam, ficam brancos mesmo. Vi logo que algo se passava. Antes de dizerem uma palavra, ligaram o som para ouvir o coração, mas nem o som forte de um coração a bater conseguiu quebrar aquele gelo. Pouco depois, diz um para outro: "vamos dar já as injecções de maturação de pulmões". Resposta do outro médico: "és louca, o bebé só tem 300 gramas, 23 semanas, é impossível sobreviver". Não sei como mantive a calma e não desci pela cadeira...
Nesse instante viraram o monitor para mim e explicam-me que o bebé está bem, mas a bolsa está a descer pelo canal vaginal e pode rebentar a qualquer segundo e o bebé nascer, sendo que, com aquelas semanas, estou a ter um aborto. Nem consigo explicar os sentimentos que tive...
Disseram que não havia nada a fazer e que era esperar por um milagre. Se não rebentasse, seria mesmo milagre, pois a bolsa estava a sofrer pressão, como se fosse um balão cheio de ar a ser esmagado...
Perante tal cenário, fui novamente para o quarto, a acreditar que ia haver um milagre e ele ia aguentar assim até, no mínimo, às 35 semanas (muito positiva, eu). Fui para o quarto, fiquei deitada, pernas erguidas ao máximo, não me podia mexer nem para comer, não podia rir, necessidades era deitada e cocó era rezar para que não tivesse que fazer força...

Acaba a hora das visitas e o marido tem que ir embora. Estávamos sem chão. Eis que, pouco depois, sinto um balão a rebentar dentro de mim e fico toda molhada.
No dia em que fazia as 23 semanas, no dia em que fazia um ano que eu tinha estado naquele mesmo hospital para fazer um aborto retido, foi o dia em que a bolsa rompeu. Irónica, a vida. Lembrei-me do que tinha dito um ano antes: "daqui a um ano estarei aqui novamente para ter o meu bebé", mas, naquele momento, era tudo o que eu não queria...
Toquei a campainha e veio logo um batalhão de médicos e enfermeiros. Estava a ter um aborto e iríamos deixar o corpo fazer o trabalho dele. Fiquei a soro. Mas teimoso como o meu rapaz é, passou um dia, passou outro, e entre análises e medicação, cheguei às 24 semanas com a bolsa rota e o seu coração forte a bater.

Nesse dia, se nascesse, já teriam que investir nele. Deram-me as injecções para maturação de pulmões e enviaram-nos para o hospital distrital, que tinha neonatologia. Lá fomos nós na ambulância de cuidados intensivos, com toda a equipa que nos acompanhou nervosa, com medo que o bebé nascesse ali...
Chegámos ao hospital, nova ecografia. O bebé nem 400 gramas teria, e veio outra realidade, as estatísticas: o nosso tão desejado bebé só teria 0.01% de sobreviver e 99.9% de ficar vegetal. Só tinha líquido amniótico à volta da cara (que foi o que o ajudou a não sufocar).
Ficando na barriga a probabilidade era morrer sufocado, mas se nascesse, também teria morte certa, pois nem nos limiares de sobrevivência estava.
Então, como estava tudo perdido, iria ficar 100% acamada, com as pernas erguidas o mais possível e aguardar um milagre...
Lá fui para o quarto: pernas erguidas, davam-me de comer, banho à gato, punham-me a fazer xixi, análises ao sangue uma a duas vezes ao dia, soro sempre a correr, várias injeções (que nem sei para que eram), ecografias diárias, cintas várias vezes ao dia, vários comprimidos com vitaminas, 2 antibióticos para prevenir infecções e as horas foram passando. Três litros de água diária, músculos todos a atrofiar (já não tinha músculos nas pernas, parecia os braços de uma velhinha), dores de cabeça da mesma posição, sempre toda molhada mesmo com pensos enormes, pois todo o líquido amniótico que repunha, perdia. O pouco que o bebé se mexia doía horrores pois, sem líquido, não tinha o amortecedor nem espaço para ele se mover à vontade...

Milagrosamente lá fomos aguentando, até que numa das análises ao sangue, foi detectada uma bactéria. Teria que fazer uma cesariana, pois não era viável nascer de parto normal, mas nesse dia não podia ser, pois não havia incubadoras. Teriam que aguardar pelo dia seguinte para conseguirem uma. No dia seguinte, novas análises e os níveis da bactéria baixaram, por isso iríamos adiar mais um dia, por falta de incubadoras...
Na madrugada seguinte comecei com dores, mas fui aguentando e não disse nada. De manhã, vem o médico com o resultado das novas análises, com valores mais baixos, por isso iríamos aguardar mais um dia. Fez uma ecografia muito rápida e o peso estimado era igual ao do dia anterior, cerca de 800g. Eu digo-lhe que tinha a sensação que desse dia não passava, pois estava a ter umas dores que eram contrações, apesar do aparelho não marcar. Ele responde que era de estar acamada. As dores não passavam, até que deixaram de ser suportáveis. Não conseguia recuperar de uma, pois tinha outra seguida. Toco a campainha, vem a enfermeira com uma médica, e eis que estava já com a dilatação feita, mas teria que ser cesariana para o meu bebé não apanhar nenhum bicho... Foi uma verdadeira correria depois, cesariana de urgência, ninguém estava à espera, tinha que fazer força para apertar as pernas para o bebé não nascer por baixo e ligaram para a neo para preparem a incubadora...

E eis que, passadas duas horas, nasce o nosso herói M., às 27 semanas e 6 dias, muito inchado, com 1100g (quando o previsto eram 800g). O nosso milagre nasceu vivo e chorou, tipo gatinho, muito baixinho mesmo, mas a melhor das melodias. Não o toquei, não o beijei, não o cheirei. Só o vi de touquinha branca a sair num castelo de cristal...

Depois daquele dia tivemos ainda três longos meses de batalhas e vitórias, mas hoje o herói M., como gostamos de lhe chamar, tem 21 meses e é feliz, cheio de energia e com uma evolução fantástica!

Ana Ferreira