2.07.2015

Manhã no Gymboree

Hoje a manhã foi passada no Gymboree de Carnaxide. A Isabel a-do-rou! Os escorregas, as bolas, os brinquedos, as texturas, as músicas, as danças e as bolinhas de sabão: um mundo de cor e movimento, onde pude ver a minha filha brincar e aprender.

Gosto muito do conceito: ajudá-los a adquirir capacidades motoras, sociais e de auto-estima, de que irão necessitar para se tornarem adultos confiantes e felizes. Tudo isto na presença da mamã, que passa as horas de trabalho desejosa de poder brincar com ela. A mamã sou eu e não sei por que raio agora também já digo "a mamã" se nem estou a falar com ela... Rrrrrrrrrr
Saí de lá cheia de ideias para brincadeiras em casa (até porque nos dão um papel com sugestões) e a saber mais sobre a fase de desenvolvimento deles. 

Todas as aulas são diferentes, para estimular competências diferentes (com algumas músicas e jogos iguais, porque, li algures, a repetição também é importante para assimilarem conhecimento e vermos a progressão deles) e eu mal posso esperar pela próxima aula!



A Isabel demorou a ganhar coragem para subir o túnel mas lá conseguiu



Gostaram da ideia? Então em breve teremos um A mãe dá e uma de vocês (vocês não, o filho) poderá ganhar um mês de aulas no Gymboree de Carnaxide. Estejam atentas!

Só me apetece chorar!


"Só me apetece chorar!". 

"Então, chora!" - é o que o meu marido diz quando lhe digo estas coisas. Escusado será dizer que só não lhe dou uma lambada porque sou anti-violência (e porque ele é muito maior do que eu, no fundo é só isso). 

Neste caso, só me apetece chorar mas é por uma coisa MUITO boa: a noite nem foi má! Só vocês me conseguem compreender (as mãezinhas que tenham filhotes que durmam a noite toda, guardem essas pornografias para si, sff) o que é uma bebé que desde há meses só faz intervalos de 2 horas/1h e meia, ontem ter feito dois de 4h horas e um de 3h. 

Sim, passei por aquela fase de mãe do "será que está viva?", mas consegui não ir cuscar, porque não queria mesmo estragar a maratoninha. Se já não tivesse viva, não haveria grande coisa que eu pudesse fazer, senão embalsamá-la ou assim. 

Dormiu (como se vos interessasse) das 20h à 00h30, depois até às 4h40 e depois até às 7 e tal. Que maravilha.



Não dormi lá grande coisa, claro. Sabem como é: o nosso "psicológico" (como dizem os energúmenos dos reality shows  - a verdade é que tive de ir ao google ver como se escreve "energúmenos", mas a fingir que não vos disse nada), por estarmos habituadas a acordar de 2h em 2h, acordamos de 2h em 2h. 

E, se não acordarmos, acordamos ao final de três completamente prontas para viver: para limpar a casa toda, ver um filme inteiro sem adormecer e tirar a loiça da máquina e até fazer um bocado de amor (!!!).


Só me apetece chorar, a sério! Agora, tenho de me controlar para não elevar as minhas expectativas e amanhã não me apetecer chorar, de rastos porque voltámos à mesma merd* - como se o asterisco mudasse alguma coisa.  

Quando é que os vossos bebés começaram a dormir a noite toda? - respondam só se for depois dos 10 meses, sff, para eu não me internar devagarinho. 

*imagem do site We Heart It. 

2.06.2015

Afinal havia outra (#06) - Impôr limites a um bebé. WTF?

A minha filha tem 17 meses, quase 18. Em linguagem de pessoa normal tem um ano e meio mas nós, mães, falamos assim em meses embora tenhamos jurado nunca o fazer. Também prometemos não falar em semanas quando nos referíssemos à gravidez mas até hoje ninguém cumpriu e peço desculpa por isso. Em minha defesa alego a dificuldade em fazer contas aliada ao facto de os médicos falarem sempre  em semanas. Transformar aquilo em meses, para mim, é como fazer uma equação: impossível. E não é a equação que é impossível, eu é que não consigo resolver equações. Ou contas de dividir com mais de um dígito. Também não sei a tabuada.

Agora perdi-me e já não sei o que ia escrever. Dêem-me um bocadinho.

Lembrei-me. A minha filha tem quase 18 meses e diz “pápá” que significa simultaneamente papá e papa; “mamã” que quer dizer mamã, bolacha, não quero dormir, tenho fome, iogurte, tenho sono; cão, que quer dizer cão, e é isso. Ora esta minha filha, disse a educadora, precisa de limites. Parece que sai da cama, a malandra, para não dormir a sesta, e não dá muitos ouvidos à malta. Acrescentaram que nesta idade eles são “muito virados para eles próprios” e eu pergunto quando é que um ser humano não é “muito virado para ele próprio”. Não sei exactamente que tipo de limites é que se podem impor a uma miúda que se farta de falar numa língua misteriosa que não consigo decifrar. Ela bem tenta, mas nada. Quem me garante que ela não explica à educadora o que pretende? A miúda diz frases completas e até as repete tin-tin por tin-tin. Ou será tim-tim por tim-tim?

A verdade é que ela em casa faz o que eu mando, de uma forma ou de outra, sem grandes dramas, apenas algumas teimosias normais, por isso não sei bem o que responder à educadora além de um tímido “desenrasque-se”. Eu não estudei educação infantil por isso vou agindo por instinto. Mas não me venham dizer que a miúda precisa de limites a menos que vão dar com ela fechada na casa de banho com o Lucas ou com a faca da manteiga escondida no urso de peluche. Se for por menos que isso, não me macem.

Parece-me que esperamos constantemente que os filhos se comportem de forma irreal. Esperamos que eles partilhem os brinquedos alegremente com crianças que não conhecem de lado nenhum e que não se zanguem se algum puto lhes roubar a bolacha. Se um estranho me pedisse o carro emprestado mandava-o pastar e se me tirasse o pastel de nata da mão  dava-lhe um sopapo. Esta pressão social da partilha é absurda. Querem-se crianças obedientes que nunca questionem ordens, mas que depois se tornem adultos independentes, fortes e decididos, quando os miúdos deitam coisas para o chão a olhar directamente para os olhos dos pais é porque estão a testar a paciência, são uns teimosos, torcidos, são “assim” (faz-se um ganchinho com o dedo indicador).  E eu penso: mas está tudo maluco? As crianças são pessoas. Pequeninas, com dificuldade de locomoção e expressão, mas pessoas. Porque raio hão de gostar ou aceitar merdas que ninguém no seu perfeito juízo aceita? Para não envergonhar os pais no parque infantil? #deixemascriançasempazevãomasébeberumcopoqueissopassa


Leididi

Inventam tudo (#07)


Mas o que é que o raio da miúdo tem na boca? Parece que está a comer um pedaço de sabão dos antigos, mas com um gargalo, é isso?

É isso, mas sem ser.

Este alimentador anti-sufoco (como lhe chamam e acho que é horrível) tem duas partes: a do adaptador de garrafas e afins a uma tetina (giro) e a do chucha-coisas. 

Mete-se a fruta ou o bife de alcatra dentro de uma rede e damos-lhes para eles andarem a chuchar nisso. Se pusermos um magret de pato, também deve dar para ir que nem ginjas. 

Apesar de ser uma coisa tentadora de experimentar (por ser um gadget, no fundo), acho que a Natureza funciona muito bem. E, se eles não conseguem ainda trincar e engolir determinados alimentos é porque, também, não devem. 

Ir devagarinho será sempre melhor do que pô-los a chuchar numa rede, digo eu. 


O que têm a dizer? Além de que a coincidência da senhora ter levado uma camisola da cor do alimentador ser bastante agradável à vista?


a Mãe dá (#06) - Bomba de leite Bébéconfort®

Ahhhh! Saudades que pingassem coisinhas para as nossas mães preferidas (que não as nossas)? Nem por isso, não é? Pois. Somos muito fofas (eu até um bocadinho demais, mas já ando a jantar só salada - se calhar, convém dizer que é a Joana Gama que está a escrever, que a outra não merece este tipo de comentários).

É mesmo de "pingar" que vamos falar, mas de pingar leite. 

Não sei se sabem (deviam), sou muito muito fã da amamentação (quase todos os meus posts têm sempre uma notinha sobre isso vejam lá aqui). 

Ora, como queria continuar a amamentar a Irene quando voltasse ao trabalho (pus uma licença de 5 meses mais um mês de férias), tinha de fazer um bom stock de leite materno para que nada faltasse. Se foi difícil? Foi. Tirar leite e armazenar é um processo que custa muito ao início.

Não porque doa, mas porque parece que as mamas ignoram a nossa intenção e a nossa pressão psicológica não ajuda o corpo a relaxar. Investiguem um pouco sobre isso na net para ser mais fácil para vocês. Demorei um mês a tirar leite depois de todas as mamadas, para aumentar a minha produção ao ponto de conseguir tirar quantidades visíveis. Aconselho a que comecem a fazer o stock de leite assim que a vossa produção esteja estabilizada para não terem pressão de andar a tirar leite todos os dias à noite enquanto estiverem a trabalhar ou terem que levar a bomba para o trabalho. 

Posto isto, houve várias coisas que fizeram com que tirar leite se tornasse desagradável (além de ter que esperar pelo hábito do corpo), uma delas era o barulho. Tínhamos que ver programas com legendas enquanto eu tirava leite porque não conseguíamos ouvir nada do que diziam na Casa dos Segredos (não estou a gozar, vemos e adoramos ver a Casa dos Segredos - também só se estraga uma casa, não é?).

Além disso, eu não podia escrever nada ou mexer no computador ou no telemóvel porque tinha sempre uma mão ocupada a segurar a bomba na mama. 

Até tinha comprado uma bomba bastante cara (Tommee Tippee), confiei no preço, apesar de não conhecer a marca, mas agora estou arrependida. E porquê? Porque conheci o Extrator Elétrico Natural Comfort da Bébéconfort (acabou de sair). A sério, melga. ;)



Mesmo que esta bomba não fosse mais silenciosa, dá para usar sem mãos. Só por isso, até podia ter o barulho de uma rebarbadora que eu não me importava. 

Outra coisa óptima, que não falei ali em cima, é o facto de podermos por o disco que retira o leite por baixo do soutien. No início foi muito giro andar sempre com as maminhas de fora no sofá, até nos riamos com isso, mas depois sinto que a imagem se tornou tão comum que o meu marido já não ligava nenhuma e me via só como um instrumento de tirar leite. 

Ahhh!! Olhem, esta nem tinha experimentado quando usei a bomba, li agora e vou experimentar. Para tirarmos leite, não sei se sabem, mas convém estarmos sentadas com as costas bem direitas para as bombas fazerem um bom vácuo. Neste caso, parece que podemos estar refasteladas no sofá! Que bom! Fico mesmo genuinamente contente por quem vá receber esta máquina. Não têm noção do chato que é: nem toda a gente consegue tirar leite com grande bisga (eu!) e, por isso, todo o conforto é tão, mas tão bem-vindo. Fico contente pela BébéConfort estar a ajudar mães a prolongar a amamentação (eu disse que era fã da amamentação). 

Assim sendo, temos duas salva-vidas destas para oferecer. Vamos embora participar? ;)

Para participar é preciso:
1) Fazer like na página da Bébéconfort Portugal
2) Fazer like na página d'a Mãe é que sabe (mas isso já está, não é?)
3) Partilhar publicamente este link no perfil do Facebook
4) Preencher o formulário em baixo (o link da partilha é o endereço do seu perfil do Facebook)

Condições:
O vencedor será anunciado dia 21 de Fevereiro, sendo aceites inscrições até às 23h59min de dia 20 do mesmo mês.
Os vencedores serão escolhidos aleatoriamente através de random.org.

Só é válida uma participação por endereço de e-mail.

2.05.2015

Já somos famosas (#03) - La Redoute


Vá, vamos fazer com que este seja um post muito dinâmico e, como se costuma dizer no mundo da publicidade, "fora da caixa", porque queremos que isto resulte num "a Mãe dá" para vocês e um "a Mãe recebeu para nós". Nesta casa é assim, tudo em pratos limpos, não há cá publicidadezinha de fino. É bom? É. Queremos? Sim. Se queremos e temos, vocês também têm que ter. Tungas.

Joana Paixão Brás (JPB) - Claro que esta parte de cima foi a Joana Gama a escrever...

Joana Gama (JG) - Ai, coitadinha da menina que tem sempre de lavar as mãos de complicações. Estás por aqui?

JPB - Pelos vistos, sim. Vá, rápido que tenho de ir fazer coisas.

JG - Ok, mãe ocupadinha que trabalha e não sei quê. Hoje fomos à mostra da nova colecção da La Redoute.

JPB - Claro que a Joana ficou muito mais entusiasmada com o pequeno almoço. A maneira com olhou para os bolos parecia que não comia há séculos. Olhando para os olhos, claro. Olhando para a barriga, diria o contrário (parece que não para de comer há séculos, eheh). 

JG - Por acaso quem se fez mais à comida nem fui eu e... tenho provas disso!! Parece aquele programa do João Klebber, não parece? Drama nu cásau!


                  


JPB - Um "márron", meu Deus! Ainda bem que sou eu a organizar a festa das nossas filhas, senão elas iam ter "pancakes" em vez de "cupcakes" e cortinas em tom de "macarron". Às vezes é muito frustrante ter que estar a ensinar-te a ser uma senhora. 

JG - Até fui bonita para não ficares mal, mulher. Não sejas assim! 



JPB -  O cabelo da Irene, ahah! Sim, hoje fazíamos um bom par. As duas lindíssimas (viva ao filtro esquisito do teu telemóvel). Porém, tenho de aprender contigo a posicionar a cara para parecer mais magra. Bem jogado, miúda!


JG - Pronto, depois parece que começou a parte de mostrar a nova colecção e, infelizmente, não consegui empanturrar mais a Irene de pão e manga. Ela começou a birrar e tivémos de sair. Pelo menos, deu para tirar umas fotografias giras lá fora. Como foi lá dentro, Joana? Agora parecemos aqueles dois jornalistas da rubrica "Ir é o melhor remédio" da SIC, não parecemos? hehehe



JPB - Lá dentro, Joana, a Ana Rita Clara apresentou-nos a colecção de senhora (maravilhosa, quero tudo! Menos a bela da mini-saia, porque AINDA não tenho perninha para isso. Ainda, ainda!!!), enquanto umas miúdas desfilavam (todas tão feias, que raiva!). Também deu para espreitar algumas imagens das roupas de criança e já fiz aqui a escolha das peças mais giras para as nossas miúdas.

Looks Isabel:
Looks Irene:

Looks namorado da Irene (que a Isabel está terminantemente proibida até aos 32 anos):

JG - Oh! Tenho mesmo pena de não ter visto, mas também estive bem acompanhada lá fora. Depois entrei, pus mais uns bolos à boca, fomos ver as roupas que, por acaso, não vi muito porque estive à conversa com toda a gente que me perguntava quantos meses tinha a Irene. 

JPB - Nem desconfiaram que era um toque de marketing para nunca mais se esquecerem de nós. Muahahah. 

JG - Era mais para ver se ela via um bocado do mundo e não estar tão fechada em casa, mas acho que tivemos mais sucesso por causa disso, sim.

JPB - Eu a pensar que era por causa do meu traseiro.

JG - Não.

JPB - Tirámos uma fotografia no canto das famosas, lá está. A Ana Rita Clara não nos deixou em paz até tirarmos uma fotografia com ela. Chegou até a ser um pouco inconveniente. Haha



JG - Temos de nos habituar a esta vida, Joana. Bolos e Anas Ritas Claras a pedirem fotografias. Mais complicado que isto só ser o tipo que indica os lugares no cinema. 

JPB - Foi assim a nossa manhã! Ah! Esquecemo-nos de dizer que foi no Pestana Palace Hotel em Lisboa e que é um óptimo sítio para passear e tirar umas fotos. E pagar 3,50 euro de parque de estacionamento à nossa amiga...

JG - Não tinha moedas, pá!

JPB - Seja como for, mais novidades em breve e num a Mãe dá ;) 

Sonho com uma casa de campo

Sonho com uma casa com jardim. Ou com um quintal. Sonho com a Isabel a rebolar na relva. Passarinhos pousados nos parapeitos das janelas. Um cão a correr. Amigos nas espreguiçadeiras a beber uma cerveja. Churrascadas e música alta. Crianças a dispararem pistolas de água e a darem gargalhadas. Uma horta com morangos e alfaces. Ervas aromáticas. A carrinha do pão a apitar. Ver o pôr-do-sol, embrulhados numas mantas. Ouvir o som dos grilos no verão. O som da lenha a estalar no inverno.

Tudo isto sem estar uma hora no trânsito infernal e a desejar, todos os dias, viver num T0 na rua do trabalho. Perto das comodidades de uma cidade. Sem as paredes estarem a cair de podre e sem um vendaval dentro de casa. Sem ter de vestir 14 camisolas à Isabel e um gorro. Sem ter de pôr um desumidificador em cada canto. Sem ter de gastar um dinheirão em aquecimento. Uma casa barata.
Já estraguei tudo, não já? Isto só existe nos filmes, não é?
Ou há por aí alguém que tenha conseguido transformar este sonho em realidade?



2.04.2015

Tenho umas coisas para te dizer.

(tentei ao máximo fugir do ao título do "Carta do telemóvel para a mãe", por já não conseguir ver mais "cartas" à frente aqui na internet.)

Olá, sou o teu telemóvel, aquele que tu tanto adoras, mais até do que a tua carteira. 

Sei que sou muito importante na tua vida, visto que me levas contigo para todo o lado. Até para a casa de banho, quando vais tomar banho, não vá alguém ligar e não sei quê. 

Sei que me adoras e agradeço. Agradeço do fundo da bateria até o facto de seres uma mariquinhas e de me pores capas para não me riscar, para não me partir se cair ao chão. 

Há algumas capas que me fazem sentir um pouco mais efeminado mas, realmente, quando é que te disse que não sou uma rapariga? 



Sinto-me seguro nesta relação. Sei que me amas e, por isso: 

1 - Não sinto ciúmes se ligares mais à tua criança do que a mim. 

2 - Eu posso esperar. Respondes depois à tua amiga no Whatsapp. As minhas mensagens não vão embora. Estão cá para quando tu puderes. 

3 - Não percas sorrisos da tua criança, por minha causa. Sei que represento "o mundo lá fora" para ti, mas o "mundo lá fora" não está a crescer e não precisa da mãe. 

4 - Não faz mal se não me usares para tirares fotografias da tua criatura. Às vezes, há momentos em que deves estar mais presente do que a imaginar como vão ficar as fotografias no Instagram.

5 - Usa e abusa de mim, se quiseres, não me importo, quando a criança está a dormir. Não me importo de ser apenas um amigo para as ocasiões. Afinal de contas sou um aparelho electrónico e não tenho sentimentos. 

Estamos entendidos? 

*imagem do site We Heart It. 

Sou culpada e gosto.

Assim que sabemos que estamos grávidas, nasce logo a culpa de mãe. É algo que sentimos desde o início. Às vezes até ainda antes de sabermos que estamos populadas por dentro. 

"Devia deixar de fumar porque estou a tentar engravidar", "Devia fazer mais exercício físico", etc. 

Há até outras mulheres que podiam dar óptimas mães que sentem tanto essa culpa antes de seja do que for que até preferem nem o ser. Era o meu caso, modéstia à parte. Achava que não ia ser uma mãe de jeito (até conhecer o meu velhote - são só 9 anos de diferença, estou a brincar, mais ou menos, claro.). 

Acho que a culpa, esta culpa, é uma coisa boa se for bem direccionada. Funciono bem com ela. É essa culpa que me faz esforçar mais (claro que também é o amor), mas o "sair de casa", sentar-me com ela no chão a brincar em vez de ficar só a vê-la do sofá, fazer sopas novas sempre que possa para não andar sempre a embuchar a mesma, etc.

Desde a gravidez que a sinto e muito e isso reparava-se no meu pânico quando descobria que algo era abortivo: 

"A canela é abortiva? E eu que comi meio arroz doce no outro dia? Meu deus, o que fui eu fazer? A miúda ainda nem nasceu e eu já sou péssima mãe!"

As hormonas ajudam muito a que esta culpa seja, muitas vezes, confundida com loucura. Porém, a verdade, pelo menos no meu caso, é que aprendemos a lidar com ela. 

Acho que, o melhor, visto que ela não vai desaparecer, é torná-la nossa amiga. Vamos tentar ver nela uma força para sermos ainda melhores mães, para aquele extra mile. 

A culpa já me ajudou tantas, mas tantas vezes. 

A ganhar coragem para entrar no quarto e tapá-la com a manta (mesmo correndo o risco de a acordar), a ir passear com ela para um jardim, mesmo não me apetecendo sair de casa há uns dias, a superar questões de amamentação, etc. 

Obrigada, culpa. 


Caiu da cama!

Caiu da cama. Não demorei sequer vinte segundos e ela caiu da cama.


Tinha cinco ou seis meses. Deixei-a lá, no meio da cama, de barriga para cima, porque "ela ainda não rebola" e, afinal, rebolou. Alguma vez é a primeira. Foi dessa vez. Fui à casa de banho a correr (literalmente) buscar a escova porque "é aqui mesmo ao lado" e ouvi um estrondo abafado. Senti. Percebi nesse momento que a Isabel tinha acabado de cair da minha cama. Silêncio. Pareceram-me horas. Chora, chora, pedi, enquanto corria para lá. Chorou. Chorou muito. Eu chorei mais ainda. Agarrei nela, beijei-a, pedi-lhe desculpa e fui à procura de sangue na cabeça. Ou de um inchaço. Nada. Passei-lhe a mão uma e mais uma vez. Chorei. Ela parou de chorar. Beijei-a na cara e ela sorriu. A culpa. "Tens uma mãe tão estúpida e ainda me sorris, filha? Não mereço. Zanga-te! Não mereço."

Liguei ao David. "O que faço? Vou ao Hospital?" "Se ela te parece bem, não vale a pena. Vigia."
Quis vigiá-la. Quis tudo menos levá-la à creche. Pedi que me avisassem caso ela vomitasse ou ficasse sonolenta. Passei o dia todo mal-disposta. Como podia ter cometido um erro tão grande? Se sabia que podia acontecer, por que é que não preveni? 

Quando a fui buscar e ela me sorriu, prometi a mim mesma que nunca mais ia ser uma mãe desnaturada. 

Nem um mês depois, sentei-a no sofá para conseguir estender o tapete no chão. Fiquei à altura dela para ter um reflexo rápido caso ela se armasse em Kamikaze. Foram dois segundos, não fui a tempo. Caiu. Em cima do tapete, mas caiu. Chorei. Fiquei doente. Duas vezes? A primeira ainda foi um erro de principiante, completamente escusado mas quem nunca errou que atire a primeira pedra. Agora uma segunda vez?... Onde é que eu estava com a cabeça?

Entretanto, ela já caiu mais vezes. Mas por ela. Distâncias mais curtas ou porque se queria meter em pé ou porque estava em pé e se queria sentar. Sem que eu a pudesse ajudar. Mas aí caiu sozinha, sem que eu sentisse o peso da responsabilidade. Porque faz parte e nem sempre estamos lá para a aparar todas as quedas.

Agora quedas da cama e do sofá? Escusadas, completamente escusadas.

Que este texto, recém-mamãs, vos seja útil. Não vacilar. Não dar hipótese. Neste caso acabou por correu bem, mas podia ter corrido muito pior.

2.03.2015

Às mulheres da minha vida

Às mulheres da minha vida. As mulheres que me ensinaram a ser mulher e mãe, se é que isso se aprende. Às mulheres que são para mim um exemplo e por quem me esforço para ser melhor. Às mulheres que me deram vida.


avó Rosel
mãe de quatro, mulher de fibra, que ainda hoje com 79 anos (acabados de fazer) trabalha no que pode e sabe para continuar a viver e a sobreviver e ainda ajuda filhos e netos com o que vai podendo. faz os melhores pastéis de bacalhau de que há memória, croquetes e rissóis e lá vai ela à cidade vendê-los pelos cafés e restaurantes. faz o melhor arroz doce, as azevias e broas e o bolo de amêndoa molhado e delicioso. tem naquelas paredes frias de casa as melhores memórias da minha infância, as castanhas assadas na lareira, os natais e as noites intermináveis de conversa à mesa, as danças e as gargalhadas. levei-a há um ano e meio a conhecer Londres e foi como viajar com uma criança, de olhos deliciosamente ávidos de ver o mundo, mas um saber enciclopédico e romanceado de tudo o que são histórias de reis e rainhas. a pessoa sempre disposta a ajudar, mesmo que as articulações já pesem e as mãos enrugadas e um pouco disformes sejam sinónimo de muitos anos, de muito esforço, de muito trabalho. vejo nela a alegria que não nos pode deixar nunca, a gargalhada fácil, mesmo que a vida nos pregue duras partidas, como a de a deixar sem um filho.


mãe Isabel
mãe de dois, mulher de fibra, que ainda tem mais força e garra do que eu. dá aulas, motiva os alunos, tem fome de saber mais. mulher que me incentivou a seguir os meus sonhos, por mais difíceis que parecessem. que me levou, muitas vezes por semana, ora às danças de salão, ora à ginástica, ora à natação. abdicou de tanto por nós. sofreu e ergueu-se. deu-me colo e ajudou-me a ultrapassar os desgostos do primeiro amor. foi minha mãe e amiga. contou-me histórias todos os dias, deixou-me dormir na cama dela, deu-me explicações de filosofia, fez arroz com atum todas as vezes que lhe pedi, chorou comigo quando lhe contei que estava grávida. a avó dedicada, capaz de fazer mais de 100 quilómetros só para passar a folga com a neta. a pessoa que me ajuda a organizar a vida e a cabeça, que me lembra que tenho de comprar legumes, pão e nestum. a mãe que se emociona com as minhas conquistas, que me ama incondicionalmente. a mulher guerreira que aprendeu a meditar e a concentrar-se no mais importante. a pessoa que me fala de filmes, livros e bandas de que nunca ouvi falar. a mãe que errou algumas vezes, como qualquer mãe, mas que soube transformar as fraquezas em aprendizagens. a pessoa em quem me revejo e que mais falta me faz. a mãe, a minha mãe.




filha Isabel
filha de 10 meses, que em tão pouco tempo me ensinou tanto. a ter medo e inseguranças, mas a ultrapassá-las com amor. a pessoa que fez crescer em mim as garras e a afiar os dentes, que me faz despertar à mínima respiração, que me fez desdobrar em mil e descobrir em mim talentos adormecidos. a pessoa que me estimula, todos os dias, todas as horas a crescer com ela, a ser melhor, a separar o importante do acessório. a bebé pequenina que me faz crescer o coração, que fica de um tamanho que nunca pensei ser possível. a pessoa que me faz perder horas de sono, mas ganhar dias de sol, mesmo quando chove. a filha com que sempre sonhei e que me transformou para sempre.


Obrigada às três.

Joana

Afinal havia outra (#05) - Vida em nós

Sete meses depois de perder a minha Mãe descobri que estava grávida. Engravidei em Maio de 2013, na semana do Dia da Mãe, o primeiro que vivi sem a minha. Curiosamente, um dos últimos pedidos que a minha Mãe me fez foi que lhe desse um neto. Um pedido feito na cama do Hospital, rodeada de fotografias e de objetos desnecessários aos olhos dos outros, mas que a aproximavam de casa. Lembrou-me que a vida passa depressa, que os sonhos não devem ser adiados. Nesse dia, pensei de forma ainda mais séria sobre o assunto: ser Mãe. Eu que estava cheia de medo de perder a minha, que enfrentava a desilusão de perceber que os pais não vivem para sempre - o que não é o mesmo que dizer que “não são eternos”. Porque os pais são eternos. As Mães são feitas de uma massa tal, que conseguem estar presentes na beleza de uma flor, nos pingos da chuva que nos fazem cócegas no rosto, no bolo acabado de fazer, no som do mar que nos embala a alma. Não é à toa que no final da gravidez a nossa barriga se assemelha a uma lua cheia. Lua, o único satélite natural da Terra cuja superfície se mantém intacta há milhões de anos, tal como o amor de Mãe, que é feito de matéria imaculada e inalterável, da matéria que são feitos os sonhos e o amor incondicional, amor que nunca morre, que com o tempo só cresce e permanece.



Estas palavras que escrevo não são sobre a perda, mas sim sobre a vida. Ou melhor, sobre o prolongamento da vida garantido no momento do nascimento dos nossos filhos.

A minha filha Clara nasceu no dia 7 de Fevereiro de 2014 e desde esse dia passei a viver com metade do coração fora do peito, porque é também dela este músculo que há um ano pulsa dentro de mim de forma surpreendente e inesperada. A Clara é muito mais do que imaginei. É plena de luz, de uma serenidade que contrasta com a sua curiosidade, tem uma alegria contagiante e um entendimento fora de série. E apesar de (quase) todos dizerem que é a cara do Pai, tem o meu sorriso e um olhar expressivo como eu. Pelos olhos dela vejo o Mundo pela primeira vez.

Quanto à Avô Juca, não tenho dúvidas da cumplicidade que tem com a neta, construída não neste plano físico, mas num outro qualquer que as palavras não explicam. E sei que a visita em sonhos, desde o dia em que nasceu, e que é por isso que a Clara sorri tanto enquanto dorme. Imagino-as a percorrerem campos povoados de girassóis, com os cabelos ao vento, a encostarem búzios ao ouvido para escutarem o som do mar, a abrirem todas as janelas de casa para deixar o sol entrar, dia após dia.
As Mães jamais se perdem, porque as Mães são ternas e eternas, porque cada filho que nasce acrescenta vida à (nossa) vida. 
 
Palavra de Mãe (da Clara).

Sandra Torres
mãe da Clara, de 11 meses (quase 12)

(O crime da) banana com bolacha

Sei que "banana com bolacha" parece o nome de mais uma loja de roupa compostinha (para não dizer betalhona) no facebook mas, por acaso, não é disso que venho falar. No outro dia, o meu marido sugeriu que desse banana com bolacha (umas Maria especiais visto que a Irene é APLV) e a miúda adorou. O problema é que não foi a única. 

Enquanto que com a sopa o meu principal objectivo é que ela coma tudo (sem birra) ou praticamente tudo, esta sobremesa veio mudar a nossa dinâmica alimentar - sempre que se usa a palavra "dinâmica" parece que tudo fica muito mais credível, não é? 

Ora, eis que me começo a aperceber que não insisto muito que ela coma a sobremesa toda. Inicialmente disse a mim própria que era porque "a banana faz prender o cocó", por isso, se ela não quer, melhor para ela". 



Depois apercebi-me que não era bem isso que estava a acontecer. Eu queria, afinal, comer-lhe a sobremesa. Se não abria a boca cheia de vontade uma vez ou duas, dizia logo: "não queres? não faz mal filha, não há problema". Zinga! Tudo para o bucho da mãe. Porquê? Porque é das coisas mais deliciosas de sempre. 

Se é ou não... agora não sei! Como estou numa espécie de dieta, até os individuais da mesa de refeições me parecem estar a piscar o olho.

O meu pai sempre me disse: "ser pai é tirar da nossa boca para dar aos filhos". Yewwww. 

No meu caso, sou mãe e tiro da boca da filha para pôr na minha, mas é porque a banana prende muito o cocó, claro.

2.02.2015

Adeus casaquinho da Zara e gorro da Benetton...

Estamos aqui reunidas para nos despedirmos, com muita tristeza, de um casaquinho da Zara que a Irene tem. Sim, ainda tem, mas ele agora vai ter que partir. Vai ser lavado, passado e posto com outras roupas que já não servem à minha filha, dentro de uma caixa de plástico grande do Ikea e arrumado na cave lá em baixo, na garagem. 

Passámos bons tempos com aquele casaquinho. Muita pêra nas mangas, sopa, bolachas, baba, pó, pêlos de gato. Muitas boas fotografias, boas sestinhas, muitas vezes que foi pendurado a apanhar um bronze na janela para ficar bem seco... Agora, tudo isso, acabou. 

Foram três meses intensos. Em que, todas as semanas, foi usado e abusado. Amado e babado. Não foi a morte que separou este casaquinho do corpinho da minha filha, mas o tempo. 

Custa. Custa termos roupas tão giras (não tão giras como as da Joana Paixão Brás, que a minha filha anda de fato de treino e de long sleeve) e irem a abrir tão rápido. Às vezes até nos armamos em parvas, queremos que voltem a servir e lá andam os nossos filhos apertadinhos durante uma meia hora só para usarem aquela roupa uma última vez, enquanto estamos a fazer o nosso luto. 

Hoje estamos aqui para enterrar este casaquinho na cave, mas já com o coração muito sofrido a pensar no gorro de ursinho que, qualquer dia, também vai "a abrir". Já corri a Benetton a perguntar se sobrava algum em todos os tamanhos acima, mas nada. Por mim, ela usaria este gorro até sair da casa dos segredos (lá usam muito os gorros, deve ser para disfarçar o cabelo oleoso ou assim). 



Mãe sofre. 

Adeus casaquinho da Zara. Vamos ter saudades tuas. Mais eu que a Irene, porque ela ainda não se lembra de nada de jeito. Agora, vou vestir-lhe a porcaria do gorro, mesmo em casa, para render mais tempo. 

Suspiro.


Afinal havia outra (#04) - "Mãe, viste o monstro azul?"

Mortinha de saudades do pai que estava longe há duas semanas – e com apenas dois anos e meio - a Maria Rita voltou-se para mim e disse: “Ó mãe, se as nuvens fossem minhas amigas sopravam sopravam sopravam e o avião do pai chegava cá mais depressa!”



Uma pessoa passa os nove meses da gravidez a falar com eles, a cantar para eles – pobres coitados! - a partilhar tudo com eles. Mal nascem, queremos contar-lhes as histórias que nos contaram em crianças e dizer-lhes tudo. Tudo! E depois eles começam a falar e nós perdemos o pio.

Quando as nuvens sopraram sopraram sopraram e o tal avião do pai chegou, houve uma tarde em que ela pediu uma bolacha de chocolate. Estávamos na cozinha e o pai disse-lhe que se quisesse podia comer uma bolacha maria – “das outras não”. Ela olhou para mim, olhou para ele, voltou a olhar para mim e disse, apontando para o pai: “Quando é que ele volta para o Brasil?”

Com quatro anos, as “saídas” dela continuam a ser espontaneamente engraçadas, mas estão cada vez mais salpicadas de curiosidade. Há umas semanas, estávamos a passear e ela perguntou-nos o que é que era aquela casa junto ao mar, que parecia um castelo. O pai disse-lhe: “Aquele era o castelo do Príncipe do Mar!”. “Então e porque é que já não é?”, perguntou ela logo de seguida. “Filha… já não é porque ele já não vive lá”. Dois segundos de silêncio: "Porque já não vive lá ou porque isto é só uma história inventada?".

A dúvida fica no ar, para dar trabalho à imaginação – à dela, desassossegada por natureza, e à nossa também. Como daquela vez em que entrei na sala e ela perguntou se eu tinha visto o monstro azul. “Monstro azul, monstro azul… mas que raio?!” Eu juro que pensei em bonecos, livros, puzzles e até roupa com estampagens de um monstro azul, mas nada. Na minha cabeça, só princesas da Disney. “Monstro azul, filha? Não sei do que é que estás a falar…” “Ah, esquece mãe, claro que não viste porque assim que tu entraste ele escondeu-se debaixo do sofá!”

A imaginação das crianças não conhece limites. Inventam jogos, canções, palavras, tudo e mais alguma coisa. Tanta coisa que eu dou por mim a invejar o “disco rígido” delas. Dava-me jeito na altura de responder a saídas do género “estava aqui a imaginar que amanhã não tinha escola e estava a ser tão bom!”. Não estamos preparados para isto e muito menos para conversas sobre namorados:

Eu: então, o teu namorado ainda é o Vasco?

Ela: sim, ele não mudou de nome...

Eu: pois, eu sei, mas podia ser outro, tipo o Rodrigo ou o Martim...

Ela: achas mãe?! O Rodrigo e o Martim portam-se mal e não comem o almoço todo!

Eu: e o Vasco porta-se bem é?

Ela: também não, mas é o mais bonito...


Catarina Raminhos
mãe da Maria Rita, de 4 anos, e da Maria Inês, de 2 anos

Colo? És a minha mãe, por acaso?

Eu sabia que este dia ia chegar. No fundo, no fundo, eu sabia. Durante 9 meses, a Isabel ia com todos, salvo seja. Família, amigos, amigos dos amigos, o colinho de todos era bem-vindo.


Agora? Parece que está a ser raptada. Colinho só o da mãe, do pai, da avó Béu e das educadoras. Ui, ui, que ela vira fera! Agora já faz uma selecção apertada, consoante o vínculo que criou com as pessoas. Claro que depois os outros avós e os tios ficam cheios de pena, mas é a vida. Assim à distância está tudo muito bem, sorri para todos os desconhecidos que se metam com ela, mete-se com toda a gente, agora confianças dessas? Nem pensar. Só ao fim de umas boas horas de ambientação é que a conseguem conquistar e nem sempre!

Não sei se são como eu, mas adoro que a minha filha seja sociável, que digam que é simpática e sorridente. Sinceramente, custa-me ver as reações das pessoas e ter de estar a justificar "ela faz isso com toda a gente agora, não é por seres tu". Por um lado, adoro ver que é em mim que ela confia e que é de mim que ela precisa, mas espero que ela não esteja sempre de volta das minhas saias, porque acho um piadão a crianças bem-dispostas, dadas e cheias de lata.

Espero que isto, tal como todos dizem - e os livros -, seja apenas uma fase, um marco no desenvolvimento psicológico e emocional da Isabel. 

Também acontece(u) convosco?

2.01.2015

PPP - Preparação para o Pai

Olá, Pai.

Quero só dizer-te umas coisas, pode ser?

1 - Dá muitos beijinhos à mãe porque ela anda com mil e tal coisas na cabeça por minha causa. Além de andar super inchada e com os pés todos gordos, não consegue dormir bem durante a noite (por culpa de alguém que não vou mencionar hehe) e por ter sempre muito xixi. 

2 - A mãe sempre gostou de ouvir que é bonita mas, se puderes, diz-lhe mais umas vezes. Mesmo que ela pareça um McBacon, se ela se sentir bem com ela própria, vai ser ainda mais queridinha contigo. E vais ver que, como que por magia, vai ter menos desconforto, mesmo que já esteja grávida de 15 meses e meio. 



3 - Pai, mesmo que não entendas que a mãe quer comprar uma lima, um corta-unhas e uma tesoura, já que todos servem para o mesmo, deixa-a estar. Ela precisa de tudo o que vai comprar, nem que seja para não ficar nervosa a pensar no que lhe falta. 

4 - Eu percebo, pai. Eu não vou sequer reparar que estou num quarto nos primeiros meses de vida, para quê a pressa? A mãe quer que eu tenha o quarto mais bonito do mundo. E, se pensares bem, mesmo que dê muito trabalho andar a pintar paredes e a colar autocolantes, não é uma vontade muito querida da parte da mamã?




5 - Se é estúpido falares para uma barriga insuflada? É, mas isso descansa a mãe e também faz com que me habitue à tua voz. Descansa a mãe porque te vê a seres (já antes de eu nascer) o pai mais querido e dedicado do mundo (mesmo que seja parvo o que ela te pede) e é bom habituar-me à tua voz, para ser mais fácil acalmar-me contigo quando estiver cá fora. 

6 - A mãe às vezes é parvinha. Não lhe digas que te disse isto, mas é verdade. Ela às vezes faz birras por coisas estúpidas e muito mais agora que anda cansada e enervada. Não é que tenhas de deixar que ela ganhe, mas pensa que as coisas não estão propriamente a ficar mais fáceis para ela e que tu e eu beneficiamos dessa vitória de a deixares ficar com a bicicleta. 




7 - Sei que andas muito preocupado que me venha a faltar alguma coisa. Não te preocupes muito, vamos sempre safarmo-nos. Há várias maneiras de fazer cada coisa e temos só de fazer algumas escolhas. Aquilo de que realmente precisamos já temos: amor. Parece conversa parva, mas é verdade, pai. Se houver e se se puder, porreiro, senão acredita que vamos ser a melhor família do mundo e vou fazer-te super orgulhoso.

8 - Aproveita agora para namorar. Não que a mãe vá desaparecer, mas sou eu quem vai mandar durante uns tempos lá em casa. Apesar de ires ter saudades dela, preferes que seja assim, não é? Depois devolvo-ta e ainda mais bonita porque, além da tua namorada, é também a mãe do teu filhote. 



9 - Quando eu nascer, não tenhas medo de me tocar. Preciso muito, muito de ti. Quero cheirar-te, sentir o teu calor, tudo. Lá por não ter morado em ti durante meses, vou morar contigo durante anos e amar-te durante toda a minha vida. Mexe em mim, estás naturalmente equipado também para me manusear. Eu sou o teu bebé.

10 - Não te esqueças: posso ainda não estar cá fora, mas já és o meu pai. Estes 9 meses são também para aprenderes a ser arrebatado por tantos sentimentos, para depois não explodires quando me vires pela primeira vez. 

Afinal havia outra - Quem quer escrever para nós?


Claro que não vão escrever com uma pena, isso seria parvo. Queremos que nos contem uma história, a vossa história. Ou que divaguem sobre um tema que vos agrade. Óbvio que não será sobre a extinção do bacalhau, nem sobre a tão aguardada separação do Clooney. Desde o cocó às creches, dos babygrows às doenças, do tempo que demoraram a engravidar (não queremos saber pormenores, se é que me entendem...), do vosso amor pelos filhos, todo o universo da maternidade pode ter lugar no nosso blogue.
Os melhores textos vão ter lugar na nossa rubrica Afinal havia outra. Sim, sim, têm de estar à altura da nossa Catarina Raminhos, da Leididi e da Célia Alves.

Regras:

- O texto deverá ser enviado para amaeequesabeblog@gmail.com

- Deverá ter no título "Afinal havia outra"

- Não há limites de caracteres mas, pelo amor de deus, não escrevam um guião para o Benur

- Se quiserem anexar fotografias das vossas crias ou algo alusivo ao tema, be our guests. Agora, se forem boazonas, nem pensem em enviar fotos do vosso belo corpinho para nos fazer inveja, são logo corridas daqui!
 

Aceitam o desafio?

Que grande bronca!

"Que grande bronca" - era o que me passava pela cabeça enquanto me partia a rir e também, confesso, me caiam algumas lágrimas de orgulho, de amor. 




Não tinha lido o mail todo em que diziam para levar uma muda de roupa, nem que devia ter levado uma toalha ou uma tela para depois ficar "com uma lembrança". Pensei só: "tenho de levar a miúda ainda em horas mais ou menos decentes por causa da sesta da manhã e o telemóvel para as fotografias e vídeos". 

Nunca pensei que nos fossemos divertir tanto. Sim, as duas. É um privilégio podermos presenciar os momentos de descoberta dos nossos filhos. É bonito irmos desvendando a personalidade deles e, quando num momento social (que, para a Irene, é raro), apercebemo-nos das suas características mais únicas. 



A Irene é, decididamente, a palhaça e enervada. Faz sentido. Sai aos dois. Daí ser, corrijo: muito palhaça e muito enervada. Palhaça porque está mesmo deliberadamente a fazer toda a gente rir (é o que fazemos com ela o dia inteiro, 'tadinha). Enervada porque é assim que ela reage a coisas novas: fica com o corpinho todo tenso, aperta muito as mãos e num misto de riso e de "yeeeww o que é isto?" dá uns berrinhos. 





Vê-la ser e vê-la brincar foi um prazer maior que mamar agora uma taça de Chocapics (estou de dieta há demasiado tempo, já). 

Bom o que é isto, afinal? Fui ou, melhor, fomos a uma actividade gira de pinturas para bebés e crianças com tintas caseiras e comestíveis e foi óptimo! Recomendo e muito! Principalmente aos bebés "de casa" para socializarem, para terem novas experiências que não as que têm todos os dias perto deles em "casa".

Começaram por dar farinha aos bebés.





E depois as tintas (cenoura, beterraba, alface...). Em copinhos e espalhadas pelo "chão" à frente deles. Com pincéis também para os pais decentes que leram o tal e-mail e levaram uma tela. Que nervos.




O resultado? Um "grande dia" ainda antes da sesta da manhã (que durou apenas 10/15 minutos até chegarmos a casa para levar um banho daqueles). 

                        


O início de muitos, muitos, muitos dias em que vamos fazer destas coisas juntas. Com todo o gosto.